Ricardo admite que pode deixar secretaria: “Estou pronto pra ser candidato a governador”
Vice-governador comanda também a Secretaria de Desenvolvimento e uma eventual saída o deixaria livre para rodar o Estado, com as entregas e investimentos, e também para se viabilizar rumo a 2026. É o “plano A” do governo em ação
O vice-governador do Estado, Ricardo Ferraço (MDB), admitiu a possibilidade de deixar o comando da Secretaria de Estado de Desenvolvimento (Sedes) para se dedicar às entregas do governo desse ano e, como consequência, se viabilizar para ser candidato ao governador no ano que vem.
Em entrevista para a coluna De Olho no Poder na tarde desta quinta-feira (16), Ricardo disse que a decisão ainda não foi tomada, mas afirmou que o governador Renato Casagrande (PSB) tem lhe pedido para estar “mais disponível” para atender as demandas do Estado.
“O governador Renato Casagrande tem me solicitado estar mais disponível para compartilhar com ele a gestão, o desafio das entregas nas mais diversas áreas. Nós estamos com muito investimento. Então, nós estamos refletindo sobre isso. Não há uma decisão tomada ainda, mas estamos em processo de amadurecimento. Naturalmente, naquilo que o governador precisar, estarei à disposição”, disse Ricardo.
Além de vice-governador, desde o início da gestão, em 2023, Ricardo comanda a Sedes que tem como principal missão fomentar o desenvolvimento da economia capixaba, principalmente na busca de parcerias com investidores e empresários.
Passaram pela Sedes ações importantes do governo, como a privatização da ES Gás, a redução do ICMS do Gás Natural, implantação do ParklogBR/ES e a consolidação do polo industrial de Mimoso do Sul, entre outras frentes.
Segundo Ricardo, o governador quer que ele ajude em outras áreas também e não apenas à frente da Sedes: “Estamos refletindo sobre a possibilidade de eu estar mais disponível para poder atender as demandas do governador. Ele quer que eu o ajude em outras áreas e não apenas na Sedes”.
Questionado se uma eventual “desincompatibilização precoce” teria como foco as eleições de 2026, Ricardo respondeu que o desafio está nesse ano: “Estamos pensando em 2025. Já fizemos em 2024 o maior investimento da nossa história e estamos desafiados nesse ano a investir mais ainda. Muita energia, muita força de trabalho. O desafio é 2025. Vamos tratar 2026 na hora certa. Quando fazemos esse movimento, estamos pensando em 2025, mas claro que isso traz consequência para 2026”, admitiu.
Livre para rodar o Estado
Fora da secretaria, Ricardo poderá acompanhar o governador pelo Estado afora em entregas e ordens de serviço, além de estar presente em mais eventos oficiais, como esteve hoje no seminário Pacto pela Educação, quando o governador anunciou edital de R$ 485 milhões de repasse para os municípios.
Mesmo sendo vice-governador, na função também de secretário, as demandas da pasta acabam “travando” Ricardo, justamente num momento em que o governo ligou o modo “turbo” para dar visibilidade ao vice, numa estratégia de pôr em prática o “plano A” do governo para 2026.
Desde o início do ano, o governador tem chamado Ricardo para anúncios e os dois têm aparecido juntos nas agendas – com direito a discurso, como ocorreu no evento de hoje.
Nas redes sociais, a abordagem também é outra: uma linguagem mais direta, falando objetivamente das entregas do governo e tendo Ricardo como protagonista das propagandas. Até o visual mudou: Ricardo adotou barba e cavanhaque para essa “nova fase”.
Ricardo é o candidato natural à sucessão do governador Renato Casagrande, principalmente se o governador renunciar – para disputar o Senado – e Ricardo assumir o governo. Ele encabeça a lista do sexteto cotado para a vaga de sucessão, que inclui prefeitos, ex-prefeitos e deputados federais.
Procurado pela coluna, o governador confirmou a possibilidade de Ricardo deixar o comando da Sedes. “Estamos avaliando a possibilidade dele me ajudar mais como um todo. Até fevereiro eu decido”, disse Casagrande.
“Estou pronto e determinado para ser candidato a governador”
O vice-governador admitiu, pela primeira vez à coluna De Olho no Poder, que é pré-candidato ao governo do Estado. E não só isso. Ele disse que está “pronto e determinado” para disputar o posto, embora tenha feito a ressalva sobre os demais postulantes ao cargo.
“Estou pronto e determinado para ser candidato a governador pelo movimento político liderado pelo governador Renato Casagrande. Com o mesmo entusiasmo que tenho para me colocar como candidato na hora certa, da mesma forma que trabalharei para receber apoio, eu também estarei pronto para apoiar qualquer um dos nomes que compõem essa frente política liderada por Casagrande”, disse o vice-governador.
Além de Ricardo, fazem parte da frente: os prefeitos de Vila Velha e Cariacica, Arnaldinho Borgo (Podemos) e Euclério Sampaio (MDB), respectivamente; o ex-prefeito da Serra Sergio Vidigal (PDT), o presidente estadual do PP, deputado federal Josias da Vitória, e o presidente estadual do Podemos, deputado federal Gilson Daniel.
“Com a mesma intensidade que vou me colocar na hora certa como candidato, também estou pronto para poder apoiar qualquer um desses nomes. Porque nós somos um time e essa decisão precisa ser tomada com maturidade, não será uma decisão individual. Será uma decisão coletiva. O que nos preocupa é a necessidade de mantermos o nosso Estado no mesmo rumo, com a mesma pegada, com acúmulo de bons resultados”, avaliou Ricardo.