Votação zerada, irmãos na disputa e participação feminina: cenas da eleição da OAB para o TJES

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A votação da advocacia para a formação da lista duodécima que irá concorrer à vaga do Quinto Constitucional para desembargador do Tribunal de Justiça do Estado produziu cenas inusitadas.

Ontem (07), 11.714 advogados e advogadas do Espírito Santo foram às urnas, ou melhor, ao sistema WebVoto e escolheram os 12 representantes da categoria que continuam na disputa para ingressar na Corte Estadual. O número representa 53,73% dos membros da advocacia aptos a votar.

A lista agora será submetida ao crivo do Conselho da Seccional, que irá arguir os candidatos e também votar para a formação da lista sêxtupla – não há data marcada para ocorrer. Na terceira etapa, os seis nomes seguem para o Tribunal de Justiça que marcam a sessão para votação e formação da lista tríplice. Essa última lista, então, segue para o governador a quem cabe escolher e nomear o futuro desembargador.

Votação zerada em Santa Teresa e Ecoporanga?

Após a divulgação dos resultados, uma polêmica tomou conta a cerca da apuração dos votos. As subseções de Santa Teresa e de Ecoporanga apareceram, no sistema, com votação zerada, mesmo com advogados dessas duas regiões tendo votado e apresentado comprovante de votação.

O advogado Alexsandro Rudio, de Santa Teresa, chegou a protocolar um requerimento à Comissão Eleitoral do Quinto Constitucional questionando. Segundo ele, outros 50 advogados da região votaram também e estão preocupados. “Na nossa eleição pode ocorrer a mesma coisa”, disse Alexsandro, que concorre na eleição para o comando da Subseção de Santa Teresa, marcada para o próximo dia 22.

Segundo a assessoria da OAB-ES, o voto de Alexsandro e de todos os outros que votaram foram computados, porém, constam em outra subseção. Os votos de Santa Teresa foram para a Subseção de Ibiraçu e os de Ecoporanga para a Subseção de Barra de São Francisco.

Isso ocorreu porque Santa Teresa e Ecoporanga foram desmembradas recentemente das subseções que faziam parte, mas no sistema, ainda não havia ocorrido a separação. Até o dia 22, haverá a separação no sistema para que os votos de Santa Teresa e de Ecoporanga apareçam nas respectivas subseções.

Irmãos na disputa

Dois irmãos vão disputar vaga na lista sêxtupla. Adriano Pedra e Anderson Pedra passaram pela eleição direta da categoria e fazem parte da lista duodécima. Anderson teve 4.156 votos e Adriano, 3.468.

Em 2021, quando outra vaga de desembargador estava na disputa, os dois também concorreram, mas Adriano não chegou a entrar na lista duodécima – que foi eleita pelo Conselho da OAB-ES.

Adriano é advogado há 22 anos e professor. Já foi juiz eleitoral, membro efetivo do TRE-ES. Já Anderson advoga há 23 anos, também é professor e foi procurador-geral da Assembleia Legislativa.

Outro irmão (de prefeito) na briga

O advogado João Dallapiccola Sampaio também entrou na lista dos 12. Ele teve 3.649 votos. O sobrenome e a aparência entregam que ele é irmão do prefeito reeleito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), que estava na torcida por ele.

Participação feminina chamou a atenção

Em 2021, apenas uma mulher chegou à lista dos 12: foi a advogada Elisa Galante que, na votação direta da categoria, passou para a lista sêxtupla em primeiro lugar. Agora, cinco mulheres fazem parte, inclusive uma delas foi a mais votada entre os 12.

Flávia Brandão teve 4.596 votos e concorre ao lado das advogadas Sarah Merçon-Vargas (4.084 votos), Lucia Roriz (3.560), Carla Fregona (3.399) e Rosemary de Paula, que recebeu 3.112 votos e também representa a primeira mulher negra a disputar o Quinto Constitucional.

Nos bastidores, teria ocorrido um movimento de “mulher vota em mulher”, que teria contribuído para a entrada de mais mulheres na disputa, o que acabou dando certo já que das seis que disputavam, cinco conseguiram entrar.

Dos 29 desembargadores que compõem o Tribunal de Justiça do Espírito Santo, apenas seis cadeiras são ocupadas por mulheres.

O trio favorito que ficou de fora

Ao longo da campanha dos advogados pelo Quinto Constitucional alguns nomes eram considerados favoritos para entrar na lista duodécima. Boa parte entrou, mas três desse grupo ficaram de fora.

O primeiro foi Jasson do Amaral, que perdeu a vaga por 10 votos, conforme a coluna noticiou ontem (ele teve 3.003 votos). Ex-procurador-geral do Estado, Jasson era considerado favorito e ligado ao governador Renato Casagrande (PSB). Se chegasse à lista tríplice, seria grande a chance dele virar desembargador.

Outro também favorito que ficou de fora é o advogado Adriano Coutinho, filho do desembargador aposentado Ney Coutinho – que deixou o TJES em 2022. Adriano teve 2.639 votos e ficou em 14º lugar na disputa.

O advogado Lauro Coimbra, ex-juiz eleitoral e ex-diretor da Escola Superior de Advocacia (ESA-ES), também era cotado para estar entre os 12. Mas recebeu 2.548 votos e ficou em 15º lugar.

Numerologia política

Chamou a atenção que Jasson disputou com o número 22 e ficou em 13º lugar. Os números 22 e 13 são, respectivamente, os números de Bolsonaro e Lula. Mas é claro que o número e a posição do advogado na votação não têm nenhuma vinculação com preferência política.


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