Protesto em Tel Aviv pede fim da guerra; Brasil deplora plano de Israel para ocupar Cidade de Gaza

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Após 22 meses de guerra, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrenta uma pressão muito forte em Israel e no exterior para encerrar sua ofensiva em Gaza, onde mais de 2 milhões de palestinos estão ameaçados de “fome generalizada”, segundo a ONU.

Os manifestantes exibiram cartazes e fotos dos reféns ainda mantidos cativos no território palestino e instaram o governo a conseguir sua libertação.

Jornalistas da AFP presentes no local calcularam que o número de manifestantes era de dezenas de milhares, e o Fórum das Famílias dos Reféns registrou 100 mil participantes.

As autoridades não forneceram uma estimativa oficial, mas este ato superou em tamanho outros protestos recentes contra a guerra.

“Terminaremos com uma mensagem direta ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu: se você invadir partes de Gaza e os reféns forem assassinados, nós iremos atrás de você nas praças das cidades, nos comícios eleitorais, o tempo todo e em todos os lugares”, declarou à AFP Shahar Mor Zahiro, familiar de um refém morto.

Plano questionado

O gabinete de segurança de Netanyahu aprovou na sexta-feira um plano para tomar o controle da Cidade de Gaza, o que desencadeou uma onda de condenações internacionais e locais.

De acordo com o plano, o exército “se prepara para tomar o controle da Cidade de Gaza”, localidade em grande parte destruída no norte do território, “ao mesmo tempo que distribui ajuda humanitária à população civil fora das zonas de combate”.

Potências estrangeiras, incluindo aliados de Israel, pressionaram por um cessar-fogo para garantir a devolução dos reféns e aliviar a crise humanitária na Faixa.

“O governo brasileiro deplora a decisão do governo israelense de expandir as operações militares na Faixa de Gaza, incluindo nova incursão à Cidade de Gaza, medida que deverá agravar a catastrófica situação humanitária da população civil palestina”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também pediu “a retirada completa e imediata das tropas israelenses” de Gaza e reiterou a urgência de um “cessar-fogo permanente, da libertação de todos os reféns e da entrada desimpedida de ajuda humanitária”.

Netanyahu não cede

Mas Netanyahu permanece firme em seu plano apesar da rejeição dentro e fora do país. O líder israelense publicou na noite de sexta-feira nas redes sociais: “não vamos ocupar Gaza, vamos liberar Gaza do Hamas”.

O Hamas, que mantém 49 reféns, dos quais 27 são presumidos mortos, afirmou na sexta-feira que a decisão israelense de ocupar a Cidade de Gaza significa o “sacrifício” desses reféns, sequestrados no ataque sem precedentes do movimento islamista palestino contra Israel em 7 de outubro de 2023.

As famílias dos reféns e os ativistas israelenses favoráveis à paz com os palestinos exigem um cessar-fogo com o Hamas para obter a libertação dos últimos cativos.

Netanyahu enfrentou numerosos protestos ao longo dos 22 meses de guerra, muitas vezes com manifestantes pedindo ao governo que alcance um acordo para permitir a troca de reféns por prisioneiros palestinos.

Após o anúncio do plano na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU realizará no domingo às 10h (11h no horário de Brasília) uma reunião de emergência sobre a Faixa de Gaza, segundo várias fontes diplomáticas.


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