Crise explode no Real Noroeste e Polícia é acionada após confusão entre presidente e jogadores

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Jogadores afirmam que estão com salários. No momento de cobrarem seus direitos, o presidente do lanterna do Grupo 6 da Série D teria disparado tiros para amedrontar os atletas

Se não bastasse a pior campanha da sua história, no Campeonato Brasileiro Série D, e a lanterna do Grupo 6, as coisas pioraram ainda mais no Real Noroeste. Uma confusão no centro de treinamentos do clube acabou com a presença da Polícia Militar, na noite de terça-feira. A PM precisou ser acionada após o presidente do clube, Flaris Rocha, ser acusado de ameaçar atletas e atirar para o alto para amedrontar jogadores que cobravam salários atrasados, além de tentar atingir um jogador com um soco no rosto.

De acordo com a PM, a corporação foi acionada por um dos atletas, alegando que estava com o salário e direitos de imagem atrasados, mas que ao cobrar o dirigente da equipe capixaba foi informado que receberia apenas R$ 146.

Conforme as informações divulgadas pela PM e por um atleta que não quis ser identificado, o montante pendente de pagamento de um dos jogadores ameaçados seria de aproximadamente R$ 12 mil.

– Aqui no Real Noroeste estamos com o salário atrasado há dois meses. Tem jogador com proposta para jogar em outro clube e ele [Flaris Rocha] não libera. Prende os jogadores e ainda faz sacanagem com os salários, coloca um valor bem abaixo na carteira, sendo que nosso salário é outro – informou um atleta, que também pediu para não ser identificado, à reportagem do portal A Gazeta.

De acordo com os atletas denunciantes, as ameaças e atitudes prejudiciais aos jogadores são constantes.

– Eles tratam jogador como bicho. Real Noroeste não é lugar de ser humano. O presidente entra no vestiário armado, ameaçando. Ele forja as coisas para incriminar alguém, coloca jogador que não está jogando em quarto isolado. Além disso, se alguém se lesiona, eles não querem pagar e ainda querem que entre em campo machucado – afirma o atleta.

Além das denúncias contra o presidente, o treinador Duzinho Reis também foi citado nas reclamações.

– Aqui o treinador chama jogador de negro, v****, medroso. É muita loucura, o Real Noroeste é lugar para testar a paciência de jogador. O time foi campeão [capixaba] porque os jogadores estavam fechados, mas está todo mundo estressado com esses caras que trabalham aqui no Real.

Flaris Rocha foi procurado pela Polícia Militar em uma ronda na região de Águia Branca, mas não foi encontrado.

Presidente do Real Noroeste nega todas acusações

Fláris Rocha, dono do Real Noroeste — Foto: Divulgação

Procurado pela reportagem de A Gazeta, o presidente do Real Noroeste, Flaris Rocha, negou todas as alegações feitas pelos jogadores. O dirigente ainda acusou um dos atletas de ser usuário de drogas e desmentiu a informação que os salários do clube estão atrasados.

– Há poucos dias teve uma situação parecida. É uma turma de mentirosos, o cara que está me denunciando tem histórico de problemas com drogas. O próprio empresário dele, que é do Rio de Janeiro, tá p*** com ele por conta de vários problemas. É tudo conversa fiada. Não existem esses débitos, não tem a necessidade dessas cobranças – explica Flaris Rocha.

Ainda de acordo com Flaris, um dos jogadores denunciantes ameaçou a equipe de contabilidade do clube. Em um áudio enviado para A Gazeta, um dos funcionários explica uma situação que teria ocorrido antes da confusão da noite de terça-feira.

– Chamamos os atletas para assinarem aqui [a rescisão], mas nenhum deles aceitou. Alguns falaram que iriam conversar direto com o Flaris e outros com os advogados. Mas um deles ficou bravo, deu soco na porta da contabilidade e falou que quebraria tudo, que mataria uma porrada de gente aqui dentro.

Flaris contou ainda que não estava ciente de ter sido procurado pela Polícia Militar.

– Ontem eu saí do clube por volta de 20h, e não tinha nada disso. Até então, aconteceu essa situação dos jogadores mais cedo, mas esses jogadores já estavam afastados do time. Ninguém me procurou ou me ligou – afirma o dirigente.

A Polícia Civil (PCES) também foi demandada pela reportagem e informou que a ocorrência foi registrada como ameaça e que o crime depende da manifestação por parte das vítimas, para que haja investigação. A PC orienta que as vítimas registrem o fato em uma delegacia ou por meio da Delegacia Online: https://delegaciaonline.sesp.es.gov.br.


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