Faltar à sabatina é “perder visibilidade e exposição de ideias”, diz especialista

O mestre em Sociologia Política Anselmo Hudson destaca a importância dos candidatos participarem desse tipo de evento durante a campanha eleitoral

As sabatinas com candidatos a uma eleição são importantes formas do eleitor conhecer quem está se propondo a exercer um carga público, saber as propostas e também comparar um candidato com outro.

Essa é a avaliação do professor e mestre em Sociologia Política Anselmo Hudson, que tem 28 anos de experiência em campanhas eleitorais. Ele foi ouvido nesta quinta-feira (12) na Rádio Pan News Vitória.

O tema da importância da sabatina foi levantado após o candidato à Prefeitura da Serra Pablo Muribeca (Republicanos) decidir não comparecer à entrevista na Rádio Pan News Vitória.

“O candidato que não participa desse tipo de agenda perde visibilidade e exposição de ideias. Na sabatina, o palco é dele, para divulgar propostas e se destacar”, avalia o professor.

Para ele, a participação em sabatinas vai além de uma simples apresentação de propostas, já que oferece ao eleitor uma “chance rara” de conhecer melhor o candidato, suas reações e sua postura frente a perguntas difíceis.

“É uma oportunidade única para o eleitor ouvir diretamente o candidato. A sabatina avalia até a qualidade das respostas e se o candidato consegue manter a calma”, afirma.

O especialista destaca que, com o mundo atual voltado para o ambiente digital, esse tipo de entrevista vai além do rádio ou TV, repercutindo em diversas plataformas.

“Esse momento pode ser utilizado depois em redes sociais, rádio e outros veículos, amplificando a mensagem do candidato. Perder isso é uma desvantagem considerável”, explica.

Efeitos da ausência

O mestre em Sociologia Política avalia que a falta de um candidato em sabatinas pode levantar questionamentos sobre sua transparência.

“Quando um candidato falta a um evento assim, ele pode ser visto como menos transparente, alguém que não está disposto a ser questionado”, reflete Anselmo Hudson.

Mesmo com a justificativa de compromissos de agenda, ele acredita que o prejuízo é real. “A sabatina é a chance de desfazer críticas, esclarecer pontos controversos e se apresentar como gestor. Ao perder essa oportunidade, o candidato corre o risco de ser criticado por isso”, conclui.

A influência das redes sociais

Embora as redes sociais tenham um papel preponderante nas eleições atuais, Anselmo Hudson ressalta que elas não são suficientes para substituir eventos tradicionais nesse período eleitoral como a sabatina.

“Desde a campanha de Barack Obama, as redes sociais ganharam força, mas há um equilíbrio entre veículos tradicionais e digitais. As fake news trouxeram cautela, e hoje o eleitor está mais crítico em relação ao que vê online”, explica o professor.

Ele ainda relembra o caso das eleições de 2018 no Brasil, quando o então candidato Geraldo Alckmin, mesmo com grande espaço na televisão, não conseguiu alcançar o público como candidatos mais presentes nas redes sociais.

Compromisso e credibilidade

Outro ponto essencial nas campanhas eleitorais é a credibilidade, de acordo com Anselmo Hudson. Ele afirma que esse fator pode ser decisivo em eleições polarizadas, como as mais recentes.

“A credibilidade é uma variável relativa: você pode confiar em um candidato enquanto outra pessoa não confia. O compromisso, por outro lado, é absoluto, baseado no que o candidato fez ou deixou de fazer”, analisa.

A ausência de Muribeca na sabatina foi vista como uma oportunidade perdida, não apenas para se conectar com eleitores, mas também para reforçar seu compromisso e credibilidade perante o público.