Um a cada seis bebês de mães infectadas com HPV podem ser contaminados com vírus

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HPV pode causar papilomatose laríngea em crianças, que correm o risco de terem problemas respiratórios e rouquidão

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 80% das mulheres estarão contaminadas com papilomavírus humano (HPV) em algum momento de suas vidas. Existem mais de 200 categorias HPV altamente transmissíveis, que podem infectar homens e mulheres sexualmente ativos. Além de provocar o aparecimento de verrugas na região genital e no ânus (condiloma) e lesões que podem desencadear vários tipos de cânceres, o vírus afeta jovens e até mesmo bebês, que correm risco de serem infectados durante a gravidez ou o parto.

Quando bebês ou crianças são contaminados, os cuidados devem ser redobrados, pois há a probabilidade do surgimento da papilomatose laríngea, doença caracterizada pela presença de múltiplas proliferações na laringe que geralmente acometem as cordas vocais, causando disfonia (alterações na voz e rouquidão) e dispneia (dificuldade para respirar).

“O curso da doença nas crianças é mais agressivo, são lesões que se desenvolvem e acomete a laringe e as cordas vocais. As crianças são submetidas a várias intervenções cirúrgicas, sofrem com rouquidão, falta de ar e estridor [som ofegante durante a inalação]. Para que se sintam aliviadas e consigam ter mais qualidade de vida, são submetidas a várias intervenções cirúrgicas que ocorrem ao longo da vida”, esclarece a Dra. Yara Furtado, médica e professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

 

Manifestação e persistência da infecção é mais comum no período gestacional

Apesar da gravidade do vírus, há poucos dados epidemiológicos acerca do HPV no Brasil. No entanto, vários estudos observaram a prevalência do HPV em 50% dos casos de gestação, fase na qual a maior concentração de hormônios como progesterona e estrogênio facilitam a manifestação e a persistência da infecção. Segundo a Dra. Yara, 90% dos casos em que ocorre condiloma durante a gestação são causados pelos HPVs 6 e 11, os mesmos vírus diagnosticados na papilomatose laríngea.

“É importante tratar a gestante para diminuir o risco de transmissão vertical (da gestante para o bebê), o condiloma predispõe a infecções secundárias, ao aumento de infecção por outras ISTs, pode causar hemorragia e comprometer a gestação e isso minimiza o desconforto e a vergonha da gestante por ter a lesão. Não há consenso sobre o parto mais indicado para proteger o bebê: quando as lesões são tratadas, qualquer tipo de parto é indicado”, complementa Dra. Yara.

Em casos de pequenas lesões não tratadas, o parto normal não é proibido. Quando há grandes lesões, pode ocorrer obstrução do canal de parto e a indicação é realizar cesariana. Há indícios de que o parto normal expõe a maior risco de desenvolvimento da papilomatose laríngea, enquanto a cesariana parece prevenir a transmissão. Em cerca de 15% das cesarianas, a criança pode manifestar o HPV contra 28% de casos via parto normal. A cada seis bebês de mães infectadas, um nasce com HPV positivo e o contato com a mãe infectada pela doença após o nascimento também pode causar uma segunda onda de contaminação.

Desde 2014, a vacina HPV quadrivalente é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas e meninos de nove a 14 anos e pacientes imunossuprimidos que podem ser vacinados entre nove e 45 anos. Além do uso de preservativo durante toda a relação sexual e a realização de exames preventivos como Papanicolau, a vacinação é a melhor estratégia de prevenção contra o HPV. Na Austrália, por exemplo, houve grande cobertura vacinal contra o HPV em 2006, resultando em uma redução de 74% dos condilomas nas meninas e 65% nos meninos, podendo ter atingido percentuais mais altos de redução nos dias atuais.

 

Diagnóstico molecular previne complicações

Normalmente, o diagnóstico do HPV utiliza metodologias de baixa sensibilidade e especificidade, que diminuem a identificação precoce e as chances de cura dos pacientes. Com mais de 25 anos de experiência no mercado, a Mobius, empresa que soma mais de duas décadas de atuação no campo de exames laboratoriais, desenvolve e comercializa produtos destinados ao segmento da medicina diagnóstica, oferecendo exames moleculares que possibilitam mais agilidade e alta precisão na identificação dos alvos, reduzindo as chances de desenvolvimento de quadros oncológicos em casos de pacientes com HPV.

Com apenas uma amostra, o exame molecular do kit multi hpv flow chip é capaz de detectar 35 tipos de HPV. O resultado é disponibilizado em poucas horas, oferecendo um diagnóstico precoce para interromper a transmissão, seja por via sexual ou vertical. A tecnologia é uma grande aliada para os profissionais da área de saúde e permite que cada paciente receba um tratamento direcionado para suas particularidades.

“Quando essas crianças nascem, estamos fazendo uma colheita do orofaringe e da boca dos bebês que nascem das mães que tiveram condiloma e foram tratadas para ver se houve contaminação. Fazemos isso através da biologia molecular, com teste PCR, que detecta o DNA do vírus no orofaringe e as crianças que têm o vírus positivo são acompanhadas no serviço da UFRJ. Se continuar positivo, essa criança será acompanhada pelo resto da vida para o desenvolvimento e talvez uma terapia mais preventiva do desenvolvimento da doença”, relata a médica.

Tratamento

O tratamento do HPV varia conforme o quadro de cada paciente e nenhum é 100% eficaz. O primeiro objetivo é eliminar as verrugas, que são a manifestação inicial da infecção. Após a avaliação clínica dos pacientes, a orientação médica pode envolver desde o uso de medicamentos até procedimentos cirúrgicos.

O mais comum é a administração de medicamentos e aplicação de cremes ou soluções cáusticas nas regiões afetadas com verrugas. Quando as verrugas não desaparecem ou estão em estágio avançado, pode ser necessário realizar cirurgia para remoção, Outras possibilidades são a eletrocauterização, ablação com laser de CO2 ou crioterapia.

“Escolhemos a modalidade terapêutica de acordo com a experiência do médico, ou o que há de oferta no serviço. Nas lesões muito extensas, o que fazemos às vezes é conjugar as modalidades: aplicar medicação em casa, reduzir o número de lesões e depois cauterizamos. Varia muito de acordo com o que a paciente quer, da nossa experiência e do que podemos ofertar”, finaliza Dra. Yara.


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