Transformação digital nas empresas gera mais produtividade e competitividade
A transformação digital é uma das missões propostas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no Plano de Retomada da Indústria, compartilhado com o governo federal. A entidade entende que é necessário que as organizações redefinam suas estratégias, incorporando a tecnologia como elemento principal dos negócios, para que essa transformação seja possível.
A transformação digital tem o objetivo de capacitar as empresas para que possam ampliar sua escala de mercado e, assim, se habilitarem para participar de cadeias globais de fornecimento. A gerente de Política Industrial da Confederação, Samantha Cunha, avalia a transformação digital como essencial pra a produtividade e a competividade do país e lembra que as pequenas e médias empresas são elos importantes das cadeias produtivas e precisam participar desse processo de transformação para que se tenha um impacto na atividade agregada, na economia e na indústria.
“As empresas pequenas e médias, como mostram as pesquisas da CNI, elas adotam menos tecnologias digitais. Quando olhamos para as grandes empresas, mais de 80% delas usam pelo menos uma tecnologia digital, entre 18 tipos, nessa pesquisa que a CNI realizou em 2021, esse percentual cai para em torno de 60% das médias empresas, e cai em torno de 40% das pequenas empresas”, revela. Apenas 7% das empresas sondadas em 2021 adotavam dez ou mais recursos tecnológicos, segundo levantamento da entidade.
O advogado e mestre em gestão de riscos e inteligência artificial da Universidade de Brasília (UnB), Frank Ned Santa Cruz, explica que a transformação digital está associada à inovação. “A inovação é quando você cria um ambiente onde você revisita processos, serviços, produtos e até mesmo pessoas para que possam fazer as coisas de forma diferente. Inovação necessariamente não quer dizer que você tem que utilizar a tecnologia, mas é muito comum você associar a tecnologia à inovação. Quando você tem a inovação associada à tecnologia, você tem esse processo de transformação digital”, ressalta.
Para Marcos Tupinambá Martin Alves Pereira, professor e pesquisador nas áreas do direito digital, crimes eletrônicos e privacidade, a transformação digital vai além: “É uma mudança na mentalidade das empresas, na qual elas buscam acompanhar os tempos modernos, os tempos atuais, os avanços tecnológicos e tirar vantagem desses avanços para que as pessoas, os clientes, os funcionários e os próprios processos das empresas possam se tornar mais eficientes. A partir do momento que a empresa adota essa postura, ela consegue atender melhor o cliente, criar um ambiente melhor no trabalho e aumentar a eficiência do negócio”, avalia.
De acordo com Frank Ned Santa Cruz, para aplicar a transformação digital nas empresas, é preciso criar um ambiente de inovação. “É necessário criar mecanismos para facilitar e incentivar a criação da inovação. O resultado é o alcance melhor de mercado e produtos atendendo demandas que até então não eram atendidas”, relata. Ele explica que, à medida que as empresas conseguem reduzir custos, conseguem ter mais eficiência e isso aumenta o seu alcance de mercado e também contribui para uma sociedade melhor.
Com a transformação digital, o professor Marcos Tupinambá Martin Alves Pereira diz que as empresas terão capacidade para aumentar a produtividade e a competitividade, mas precisam mudar a mentalidade estratégica para conseguir obter resultados positivos: “É muito mais do que estrutura, é muito mais do que processos, a empresa tem que aproveitar a rede de clientes, criar plataformas, trabalhar com os ativos, aproveitar tudo o que a empresa tem a disposição para produzir com mais qualidade e melhor atendimento”, explica.
Missões para a retomada da indústria
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) propõe quatro missões de política industrial em seu Plano de Retomada. Cada uma delas é apresentada com a identificação de um problema, no qual é apresentado o contexto atual do tema no país, a solução proposta e os benefícios esperados a partir da adoção de cada política. Para a implementação de cada missão, são sugeridos programas de trabalho com as ações específicas para se chegar aos objetivos estipulados.
Confira abaixo os objetivos de cada uma das missões
Missão 1: Descarbonização
Objetivo: desenvolver uma economia de baixo carbono, com estímulos à descarbonização da indústria, à transição energética e à promoção da bioeconomia e da economia circular.
Missão 2: Transformação Digital
Objetivo: capacitar as empresas brasileiras, em especial as pequenas e médias empresas, para que possam ampliar sua escala de mercado e, assim, se habilitarem para participar de cadeias globais de fornecimento.
Missão 3: Saúde e Segurança Sanitária
Objetivo: universalizar o acesso e promover o desenvolvimento competitivo da cadeia de produção e exportação de medicamentos, vacinas, testes, protocolos, equipamentos e serviços.
Missão 4: Defesa e Segurança Nacional
Objetivo: apoiar o desenvolvimento de elos estratégicos das cadeias do complexo industrial da defesa e segurança nacional, com foco em tecnologias de uso atual.
Fonte: Brasil61