Tragédia em fábrica marcou a data do Dia Internacional da Mulher

Os cumprimentos hoje pelo Dia Internacional da Mulher não são simplesmente “pelo seu dia”, e sim, pelas suas conquistas, força, luta do dia-a-dia e tantas outras ações que colocam a mulher em patamar bem elevado nos dias atuais. Mas para chegar ao atual nível de conscientização a luta foi árdua.

Historicamente a data de 8 de Março somente foi reconhecida como dia Internacional da Mulher pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975. O que chama atenção é que a data oficialmente foi criada em 1917, em busca de uma igualdade, com reconhecimento e fortalecimento da mulher na construção de uma sociedade justa.

A origem da data tem versões diferentes por historiadores, mas não mudam a essência da luta das mulheres pelos seus direitos. Uns defendem que a data nasceu em 1917, motivada pela luta das mulheres russas por melhores condições de vida, trabalho e o fim da Primeira Guerra Mundial.

Mas a grande marca do Dia Internacional da Mulher, que tem maior aceitação pelo mundo, é que a data nasceu após uma conferência na Dinamarca em busca de direitos igualitários, em 1910, e foi consolidada por um histórico incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, no ano de 1911.

Em 1909 as mulheres que trabalhavam na fábrica fizeram greve, reivindicando melhores condições de trabalho e o voto feminino. Aproveitando o surgimento de sindicatos e do Partido Socialista da América, elas realizaram uma passeata que reuniu milhares de mulheres. Além da redução da jornada, as trabalhadoras também buscavam mais segurança no ambiente de trabalho, que tinha risco de incêndio por tecidos inflamáveis.

           

 Foto: Rosa Gauditano/StudioR                                                                  Foto: Rede Brasil Atual

Em 1911, mesmo diante de greves e manifestações, a Triangle Shirtwaist Company ainda mantinha mulheres com a maior parte de sua força de trabalho, em uma jornada quase 14 horas por dia, semanas que ultrapassavam as 60 horas e recebiam entre 6 a 10 dólares.

Em 25 de março de 1911, a reivindicação das mulheres se tornou mais que justificada quando a fábrica pegou fogo, 146 pessoas morreram, sendo 23 homens e 129 mulheres. Diante da fatalidade das trabalhadoras, o mês de março ficou marcado na história como uma conscientização do desastre.

Exaustas pela rotina dentro de casa e no trabalho, em uma qualidade de vida subjugada pelo gênero e assolada pelos anos da guerra, um grupo de mulheres russas passou a questionar sua função na nova sociedade que nascia em 1917, no início da Revolução Russa.

No dia 8 de março de 1917, milhares de russas se reuniram em uma passeata pedindo os direitos para o gênero feminino, bem como o fim da guerra e do desemprego. Assim, nos anos seguintes, o Dia das Mulheres continuou a ser celebrado naquela data.

Mas foi só em 1975, no entanto, que a ONU reconheceu a data como uma celebração dos direitos do gênero feminino e estabeleceu, então, que o dia 8 de março seria o Dia Internacional das Mulheres. Hoje, o evento é comemorado por mais de 100 países como um momento dedicado à luta pela igualdade de gênero, para celebrar as conquistas, cobrar direitos e relembrar as mulheres que foram vítimas de violência.

Fontes: Revista Exame, G1, New York Times e Socialista Morena