Redução da taxa de juros aumenta confiança do consumidor e de especialistas

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Taxa Selic cai 0,5 ponto percentual depois da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central e economistas analisam o cenário como positivo

 

Foram 3 anos de aumentos ou estabilidade na taxa Selic, sem nenhuma redução. Mas, no começo de agosto, veio a primeira queda, de 0,5 ponto percentual. A taxa básica de juros da economia caiu de 13,75% ao ano para 13,25%. Uma pequena diferença que já é encarada com otimismo por estudiosos do mercado.

“Em um curtíssimo prazo houve um alívio das expectativas por parte do governo, e de alguns setores da economia que esperavam ansiosamente por essa queda da taxa de juros. Cair os juros, de fato, propicia um ambiente mais calmo para os negócios, uma expectativa mais tranquila com relação à economia brasileira, porque baixar os juros possibilita maior consumo por parte das famílias, maior facilidade de financiamento da dívida por parte do governo”, avalia o economista Luigi Mauri.

Em diversos setores da economia há mais facilidades financeiras quando há queda na taxa de juros, porque os empréstimos ficam mais acessíveis. Toda a cadeia produtiva que depende de financiamentos sente o impacto: indústria, agro e o empreendedor, que ganha mais confiança, segundo explica o economista.

Crédito mais barato

O impacto da redução foi sentido logo nos primeiros dias do anúncio. Bancos públicos, como a Caixa e o Banco do Brasil, mexeram nas taxas. A Caixa reduziu de 1,74% para a partir de 1,70% ao mês as taxas de juros do crédito consignado para beneficiários e pensionistas do INSS. Já o Banco do Brasil reduziu taxas nas linhas de crédito consignado e automático.

A exemplo da Caixa, o BB reduziu os juros do consignado do INSS. Nesse caso, taxa caiu de 1,81% ao mês para 1,77% ao mês, na faixa mínima, e de 1,95% para 1,89% ao mês, no patamar máximo.

Para quem precisa de crédito ou quer investir em algo maior, o cenário começa a melhorar. Há 4 anos o empresário Ricardo Guedes procura um imóvel para comprar, mas ainda não conseguiu tirar a ideia do papel.

“O meu maior impedimento sempre foram as altas taxas de juros e, principalmente, a insistência do mercado. O mercado imobiliário usa o índice do IGP-M e o Brasil, com essa falta de estabilidade, a gente fica com medo de comprar num contrato a longo prazo.”

O empresário diz que vai esperar mais tempo para ver como o mercado vai reagir e acompanhar as mudanças na taxa de juros para criar mais confiança e entrar num financiamento. “A gente tem que saber como as taxas vão ficar para que a gente tenha uma estabilidade jurídica nos contratos a longo prazo.”

O pensamento do empresário Ricardo Guedes faz sentido e é ratificado pelo economista, que lembra que a avaliação sobre a queda na taxa Selic foi feita a curto prazo, e ainda é cedo para tirar conclusões.

“É necessário aguardar algum tempo para ver, de fato, qual vai ser esse efeito positivo para a economia para além dos efeitos de acalmar as expectativas dos principais agentes da economia”.

Fim do rotativo do cartão

Para tentar reduzir a inadimplência, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, anunciou na última quinta-feira (10) que deve acabar com o crédito rotativo do cartão. Durante uma sessão no Senado, Campos Neto disse que dentro de 90 dias o BC deve apresentar uma solução para o assunto.

“A solução que está se encaminhando é que não tenha mais o rotativo. Que o crédito vá direto para o parcelamento e que seja uma taxa ao redor de 9%. Quem não paga o cartão vai direto para o parcelamento”, declarou.

Essa tarifa de 9% seria para “desestimular” o parcelamento prolongado. Em junho, os juros do rotativo do cartão de crédito atingiram 437,3% ao ano, uma das taxas de juros mais altas praticadas no mercado.

Redução da Selic

No último dia 2 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por 5 votos a 4, reduzir os juros básicos para 13,25% ao ano. O voto que sacramentou a redução de 0,5 ponto percentual foi dado pelo presidente do Bacen, Roberto Campos Neto.

Foi a primeira queda da Selic em 3 anos. A taxa básica de juros é o principal instrumento para controlar a inflação. Foram 12 reuniões do Copom com aumentos sucessivos da taxa de juros, que pulou de 2% em agosto de 2020 para 13,75% em junho de 2023.

O Copom indicou que a Selic deve continuar a cair, amparada pela redução da inflação. Segundo comunicado do comitê, estão previstos cortes de 0,5 ponto percental nas próximas reuniões, que acontecem a cada 45 dias. A próxima está marcada para 19 e 20 de setembro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Brasil 61


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