Quintuplica número de diagnósticos de transtorno de ansiedade generalizada em crianças e adolescentes entre 2019 e 2022

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A quantidade de diagnósticos de transtorno de ansiedade generalizada registrada no Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) passou de 27, em 2019, para 151, em 2022

Quintuplicou o número de diagnósticos de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) em crianças e adolescentes – menores de 17 anos – no Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), principal unidade do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe), órgão vinculado à Secretaria de Gestão e Governo Digital (SGGD). A quantidade passou de 27, em 2019, para 151 casos, em 2022. Entre as principais causas do problema estão bullying e outros tipos de assédio, baixo desempenho escolar e atritos familiares.
O crescimento do número de menores de 17 anos com transtorno de ansiedade generalizada, o TAG, preocupa os especialistas do HSPE. O motivo está no estado em que os pacientes chegam aos consultórios. Eles procuram por atendimento já com sintomas físicos intensos do problema como aceleramento dos batimentos cardíacos, sudorese, tremores, aumento ou diminuição intensa do apetite e episódios de insônia.
A psiquiatra infantil do HSPE Mariana Milan explica que o transtorno se não tratado impacta também na qualidade de vida dos pacientes, podendo desencadear outros problemas psiquiátricos. “As crianças e os adolescentes passam a evitar situações e se isolam. Por isso, os pais precisam estar atentos às mudanças de comportamento e manter o diálogo em dia com os filhos”, explica.
Sofrem mais com o TAG, os adolescentes que já passaram pelo início da puberdade, principalmente as meninas. Colaboram para o problema as mudanças hormonais, que podem abalar o humor, as novas demandas da adolescência, que diferem das obrigações da infância, além da inabilidade emocional para lidar com os conflitos da vida.
A estudante G.J., 17, foi diagnosticada com o Transtorno em 2021 após anos sem saber o que causava a repentina falta de ar e a sensação de desespero. “Receber o diagnóstico foi tranquilizante, pois pude tratar o problema. Hoje, com a medicação adequada e acompanhamento psiquiátrico, consigo identificar quando estou em crise e superar esse momento com mais facilidade”, comenta.
O tratamento do transtorno de ansiedade generalizada é feito com medicamentos antidepressivos com acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Também colaborar para a melhora do quadro, a prática regular de exercícios físicos. A pediatra e médica do esporte Dra. Silvana Vertematti pontua como principais benefícios das atividades: relaxamento dos músculos, melhor qualidade do sono e diminuição da irritabilidade, aspectos que influenciam no humor.
“Os exercícios físicos ajudam combater o sedentarismo e o uso excessivo do tempo de tela, que colaboram para as crises de ansiedade. Além disso, as atividades também estimulam a produção de hormônios ligados ao bem-estar, melhoram as relações interpessoais com a realização de esportes em grupo, a percepção do corpo e, por consequência, a autoestima”, pontua Dra. Silvana.
PANDEMIA PIOROU A SAÚDE MENTAL DAS CRIANÇAS – Durante a crise sanitária da Covid-19, o aumento do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) também foi mais expressivo. A quantidade de diagnósticos foi superior ao tripulo, passando de 41, em 2020, para 151, em 2022.
Já o número de atendimentos realizados no mesmo período no ambulatório psiquiátrico infantil do HSPE foi superior ao dobro. Foram 852 menores de 17 anos avaliados em 2020 e, em 2022, 1759.

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