Qual outra, senão Ela?
Dias atrás, indagaram-me por qual motivo Ela é tão defendida em minhas crônicas, que, em breve, se transformarão em livro.
Poucos sabem, mas o tempo histórico Dela é maior do que sua longeva existência legal. São 4 anos de diferença, o que a faz ser a mais antiga instituição do Estado.
Nem sempre se sabe que Ela esteve, e está, diariamente pronta e presente para o seu mister, independente de governos e circunstâncias políticas, ora favoráveis, ora desfavoráveis. Sua higidez é um pilar granítico inabalável.
Admiro-a desde a minha tenra infância no interior, vendo as suas garbosas vestimentas e seu valor indormido na proteção da geografia e do povo espíritossantense.
A grandeza Dela está na capacidade de transcender as épocas e os tempos. Seu pioneirismo se alastrou pelo Brasil, tornando-a uma merecida referência de criatividade e inovação.
Na Guerra do Paraguai, por 5 anos, João Antunes Barbosa Brandão, um de seus soldados eméritos e patrono, tornou-se herói nacional pela destreza e coragem em combater o totalitarismo nascente na América do Sul.
Ela, em defesa da unidade nacional, décadas depois, em 1932, nas terras de São Luís de Paraitinga (SP), através de Abdom Rodrigues Cavalcante
e seu Destacamento, pode ser vencedora, e assim, extrair das cenas daquela luta, o exemplo de bravura, que na década de 1940, tornar-se-ia na bela Canção e, depois, em 1985, no Hino do Soldado capixaba.
Ela, em seu histórico Mausoléu, nunca lembrado no Cemitério de Maruípe, faz repousar silentes os restos mortais dos seus aguerridos filhos, que, por juramento, ofereceram a própria vida em defesa da cidadania e da paz social, sem esperar recompensas, sequer uma corbélia de flores à época de Finados.
Ela, em seu Obelisco, em lugar nobre da Capital, ergueu três eretos marcos verticais, perfurados em um só círculo, que os dimensionam e envolvem na representação do tempo passado, presente e futuro.
Mesmo com o “crash” de 2017 e a desconstrução sofrida em insano tempo, onde reverberou o “não ficará pedra sobre pedra”, Ela não se deixou destruir em seu moral e caráter institucionais.
Ainda que a recompensa por seus feitos esteja aquém de sua história, brio e honra, Ela não se deixou entenebrecer, nunca.
Não seria demais compreender que, em vez de hospital, Ela se alegraria com um bom plano de saúde; que, em vez de horas extras, Ela se alegraria com bons salários; que, em vez de exclusão social, Ela se alegraria com um plano habitacional que a fizesse ver seus filhos dignamente abrigados, e, que, em vez somente de Corregedoria, Ela precisa de uma Defensoria que cuide dos legítimos interesses na defesa de sua grande e valorosa prole.
Deste modo, nunca é demais lembrar que a ausência Dela das ruas e estradas nos trouxe o pavor e o medo e nos faz desejá-la sempre perto, cotidianamente.
É inevitável lembrar e afirmar, como ensinou Hourioux que: “os homens passam, mas as instituições ficam”.
Enfim, de uma notável amiga da UFES, veio a doce expressão sobre a persistência que tenho em enaltecer a quase bicentenária PMES: “admiro a sua devoção à Instituição, e, sobretudo, seus esforços em favor da presença responsável e respeitosa desta importante instituição no seio da sociedade democrática”.
Salve a Polícia Militar, seus oficiais e suas praças! São 188 anos, socorrendo, protegendo e assistindo o povo capixaba.
Vitória- ES, 07 de abril de 2023.