Presença feminina na política em debate

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Seminário na Ales encerra ciclo de um processo que visa preparar e incentivar as mulheres a ocupar espaços de poder

O Instituto Mulheres no Poder (IML) realizou seminário na Assembleia Legislativa (Ales), nesta quinta-feira (11), finalizando um ciclo de encontros com o objetivo de capacitar e encorajar pré-candidatas a vereadora nas eleições municipais de outubro.

A presidente do IML, Flávia Cysne, ex-prefeita de Mimoso do Sul e subsecretária de Estado de Turismo, explicou que o seminário no Auditório Hermógenes Fonseca (pilotis da Ales) foi antecedido de sete módulos virtuais de conhecimentos políticos ministrados para 152 pré-candidatas, sendo 140 capixabas e 12 de outros estados.

Ela afirmou que o IML é um movimento suprapartidário que atua em várias outras frentes, formado por mulheres de variadas ideologias políticas, ocupações e áreas de conhecimento. No caso específico da política o foco é prepará-las para disputar eleições e exercer o poder, independente de suas bandeiras.

“Nosso objetivo é aumentar a presença feminina nas posições de poder, historicamente dominadas pelos homens”, explicou.

Neste sentido, acrescentou, uma das metas é lutar para que todos os partidos políticos tenham uma secretaria da mulher, ocupada por mulher, para estimular o exercício do poder pelo gênero feminino não apenas em cargos eletivos, mas também na burocracia partidária.

Persistência 

Flávia Cysne relatou que um dos grandes desafios do IML é estimular a mulher a não abandonar a luta caso perca uma disputa eleitoral, haja vista que geralmente quem se elege disputou mandato anteriormente sem obter sucesso.

“Temos essa missão de explicar que não é fácil ganhar uma eleição, principalmente se for uma mulher disputando, pois vivemos um machismo estrutural que faz de tudo para nos excluir dos espaços de poder”, avaliou.

Segundo a presidente do IML, a entidade criada em 2020 está presente com núcleos em 35 municípios capixabas e, agora, avança pelo país chegando a Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro.

No aspecto político, ela defende que haja mudanças nas regras eleitorais no sentido de assegurar que metade das cadeiras no Poder Legislativo, em todos os níveis, seja ocupada por mulheres.

“Somos metade da população, então nada mais justo que seja reservado para nós metade dos cargos destinados à vereança, parlamentos estaduais e federais (Câmara e Senado)”, defendeu.

Histórias de lutas 

Na mesa do seminário mulheres que venceram na política contaram um pouco de sua história apontando superações contra o machismo e preconceito, numa tentativa de estimular as pré-candidatas ao cargo de vereadora a entrarem firmes na disputa.

A deputada estadual Iriny Lopes (PT), que traz no currículo mandatos de deputada federal, ministra de Estado e cargos de direção na burocracia petista em âmbito estadual e nacional, relatou que no PT havia machismo.

“Em todos os partidos há machismo, porque não haveria no PT? Isso é uma questão estrutural; nós tivemos que lutar muito para mudar o estatuto do partido e abrir caminho para ocuparmos mais espaços”, disse.

Pneu rasgado 

Janete de Sá (PSB), que está no sexto mandato de deputada estadual, afirmou que enfrentou o machismo não apenas dentro da política, mas também no meio sindical.

Antes de entrar no Parlamento, a deputada exerceu por três vezes o cargo de presidente do sindicato que representa os trabalhadores da mineradora Vale.

“A primeira vez que tentei, encabecei uma chapa com 49 homens, e apenas eu de mulher. Perdemos, fui retaliada, rasgaram o pneu do meu carro, mas não me intimidei, continuei na luta e depois me elegi três vezes para a presidência (do sindicato). Isso acabou construindo o caminho para virar deputada”, relatou.


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