O populista se preocupa com as próximas eleições e o estadista com as próximas gerações
A política, no seu sentido mais nobre, é a arte de governar pensando no bem comum. Nesse cenário, há uma diferença fundamental entre o estadista e o populista. O primeiro planeja e implementa ações de olho nas próximas gerações, enquanto o segundo governa de olho nas próximas eleições. Essa distinção vai além de um conceito teórico; ela se traduz diretamente em políticas públicas e na qualidade de vida da população.
O Espírito Santo é um exemplo claro do que podemos chamar de governança estadista. Ao longo das últimas duas décadas, o estado trilhou um caminho que combina um ambiente de negócios favorável e ações voltadas para a justiça social.
A base disso foi e é o equilíbrio fiscal. Por muitas vezes foram necessárias medidas impopulares no curto prazo
para garantir um futuro mais sólido e próspero para os capixabas.
Esse é justamente o contraponto com o cenário nacional. O Governo Federal, com frequência, tem adotado uma postura populista, optando por soluções imediatistas e de curto prazo que visam garantir popularidade e votos, em vez de resolver problemas estruturais.
O pacote de corte de gastos anunciado na semana passada não trouxe as medidas necessárias para garantir a sustentabilidade das contas públicas e mesmo as ações propostas postergam os problemas em nome de interesses políticos. Políticas assistencialistas, que poderiam ser instrumentos de inclusão e cidadania, tornam-se ferramentas para perpetuar um projeto de poder, comprometendo a sustentabilidade financeira do país.
Essa escolha pelo populismo, ao invés do estadismo, cobra seu preço. O dólar a R$ 6,00 é a melhor tradução disso.
A falta de coragem para enfrentar os temas urgentes drena recursos que poderiam ser aplicados em educação, saúde e infraestrutura. O resultado é um ciclo de desigualdades, com políticas que mascaram problemas ao invés de solucioná-los.
O equilíbrio entre crescimento econômico e justiça social é uma escolha que exige planejamento e visão de longo prazo, conceitos que parecem distantes do horizonte do presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Enquanto o Brasil seguir com o receituário populista, que distribui promessas vazias, estaremos condenados a um progresso lento e desigual, ou seja, abdicamos do compromisso com um país mais justo e próspero.
A escolha entre estadismo e populismo não é apenas uma questão de governança; é uma decisão que define o país que queremos deixar para as próximas gerações.