Lipo de papada: saiba quais são os riscos e limitações do procedimento
Com o aumento da exposição nas redes sociais e a busca por uma imagem cada vez mais aprimorada, não é surpresa que a procura por cirurgias estéticas faciais tenha aumentado significativamente nos últimos anos. O Brasil, segundo estudo da ISAPS, é o segundo maior consumidor de cirurgias plásticas do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Entre os procedimentos mais populares está a lipoaspiração de papada, também conhecida como “lipo de papada”. Neste artigo, vamos explorar mais sobre o procedimento estético e o que você precisa saber antes de decidir se submeter a ele.
O aumento da popularidade do procedimento para aspiração de gordura localizada sob o queixo e pescoço pode ser atribuído, em parte, a celebridades que divulgaram ter se submetido à técnica. Além disso, o termo se tornou muito popular nas redes sociais, com a hashtag #lipodepapada no TikTok tendo mais de 131,3 milhões de visualizações. Segundo dados do Google, o Brasil é o país que mais pesquisa sobre o assunto na plataforma, seguido por Portugal, México e Colômbia.
Minha experiência pessoal com a lipoaspiração de papada começou há vários anos, quando o procedimento ainda era uma novidade. Como cirurgião, realizei algumas intervenções em meus pacientes e, no início, os resultados pareciam bastante satisfatórios. Porém, com o passar do tempo, comecei a notar que muitos deles apresentavam flacidez excessiva na região do pescoço, comprometendo o resultado estético.
Com base nos resultados observados por outros cirurgiões, tanto no Brasil quanto no exterior, comecei a me aprofundar no estudo da remoção da papada. Embora a lipoaspiração de papada seja um procedimento estético comum no Brasil, percebi que, em outros países, essa técnica não é muito utilizada. A remoção apenas da gordura superficial costumava ser eficiente em pacientes com excesso de peso, no entanto, em muitos casos, resultava em um excesso de pele flácida a longo prazo, já que a pele também é sustentada pela gordura.
A flacidez muscular corresponde a 80% do conteúdo de um pescoço gordo, o que significa que a maior parte do volume é composto de flacidez muscular. Quando a gordura é retirada, a pele tende a ceder, tornando a lipoaspiração desaconselhável para evitar a flacidez. Estudos que abordam o tratamento do pescoço não recomendam a retirada da camada de gordura superficial, que é muito fina e não apresenta motivo para ser removida.
Portanto, é importante destacar algumas orientações claras que devem ser consideradas antes antes de se submeter à lipoaspiração de papada:
- A lipoaspiração apenas remove a gordura superficial, e os verdadeiros culpados do queixo duplo são a distensão e a gordura interna.
- Remover a gordura superficial sem amarrar os músculos e a pele deixa apenas um vácuo que abre espaço para a flacidez.
- O resultado da lipoaspiração não é definitivo. Se você ganhar peso, a papada retornará.
- Você não terá contorno mandibular, pois para isso exigiria uma técnica que trabalhasse a região de jowls. Não é o objetivo da lipoaspiração.
- Se você possui acima de 35 anos e já tem flacidez, fuja da lipoaspiração.
- É uma cirurgia que deve ser realizada por profissionais especializados. Na maioria dos casos, a técnica é realizada por profissionais generalistas que não se especializam em apenas um procedimento.
Em minha experiência, optei por desaconselhar a lipoaspiração de papada como uma técnica para meus pacientes. O objetivo da cirurgia estética deve ser sempre proporcionar um resultado satisfatório e duradouro, e, infelizmente, a lipoaspiração de papada não oferece essas garantias na maioria dos casos. Por isso, acredito que é importante que os pacientes estejam cientes das limitações da técnica e optem por outras alternativas mais eficazes e seguras.
Uma dessas alternativas é a cirurgia de remoção de papada junto com a sustentação dos músculos da base do pescoço, procedimento eficiente para tratar flacidez, remover a gordura facial e afinar e criar um contorno no rosto.
Como profissional da área, acredito que é meu papel informar e conscientizar meus pacientes sobre os riscos e benefícios de cada procedimento, para que eles possam tomar uma decisão consciente e segura. A beleza é importante, mas não deve ser conquistada a qualquer custo. É preciso priorizar a saúde e o bem-estar em primeiro lugar.