Hepatites virais: Saiba como prevenir e diagnosticar a doença
De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 750 mil casos de hepatites virais foram registrados no Brasil entre 2020 e 2022
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que 1,4 milhão de pessoas no mundo morre todos os anos de hepatites virais, infecção sistêmica que acomete predominantemente o fígado. No Brasil, entre os anos de 2020 e 2022, o Ministério da Saúde aponta que foram registrados 750.651 casos da doença.
Nesta sexta-feira (28), dia em que é celebrado o Dia Mundial da Luta Contra as Hepatites Virais, a especialista em Gastroenterologia e Hepatologia, Jakeliny Vieira, faz um alerta: as hepatites virais podem provocar alterações leves, moderadas ou graves, como o câncer hepático, a infecção aguda e a cirrose.
Segundo ela, a dificuldade de diagnóstico, assim como a prevenção da doença, são desafios importantes para a redução do número de vítimas.
A médica explica que as hepatites virais podem ser divididas em agudas, a forma mais rápida da doença, ou crônicas, nos casos nos quais o vírus permanece no corpo após seis meses do início da infecção.
Aliás, as hepatites virais também são classificadas de acordo com a sua forma de transmissão. No caso das Hepatites A e E, a transmissão está relacionada às condições de saneamento básico e higiene pessoal.
“Ampliar o saneamento básico, fazer o tratamento adequado da água, consumir alimentos bem cozidos e lavar sempre as mãos antes das refeições são as principais formas de prevenção contra elas”, lista a médica da Unimed Vitória.
Já as hepatites B, C e D possuem diversos mecanismos de transmissão, como relação sexual e o compartilhamento de objetos contaminados, a exemplo de agulhas, seringas, lâminas de barbear, escovas de dente, alicates de manicure, utensílios para colocação de piercing e confecção de tatuagens e outros instrumentos usados para uso de drogas injetáveis e inaláveis.
Há também o risco de transmissão através de acidentes perfurocortantes, procedimentos cirúrgicos e odontológicos e hemodiálises sem as adequadas normas de biossegurança.
“Os vírus das hepatites B, C e D possuem também a via de transmissão vertical (da mãe para o bebê). Geralmente, a transmissão ocorre no momento do parto, sendo a via transplacentária incomum”, explica Jakeliny Vieira.
“Esterilização e não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure; adotar práticas sexuais mais seguras, com o uso de preservativo; não compartilhar agulhas e seringas; não reutilizar material para confecção de tatuagem e colocação de piercings” são medidas importantes de combate às hepatites B, C e D, afirma Jakeliny.
A médica ainda pontua que existem vacinas contra a hepatite A e a hepatite B.
Confira os sintomas
As hepatites virais podem se manifestar de formas variadas tanto na fase aguda quanto na crônica.
A fase aguda pode ocorrer sem sintomas ou com poucos sintomas, sendo detectada apenas com base em exames de sangue alterados.
Por outro lado, o paciente também pode apresentar sintomas como mal-estar, náuseas, vômitos, diarreia e febrícula, seguidos por urina escurecida, icterícia (pele amarelada) e fígado aumentado de forma dolorosa, até chegar às formas fulminantes, com a morte das células do fígado de forma maciça com a deterioração da consciência ocorrendo em até 8 semanas após o início da enfermidade.
Já na fase crônica, que ocorre com os vírus da hepatite B, C e D, a maioria dos casos é sem sintomas.
“O vírus então se replicando, com maior probabilidade de evoluir para fibrose avançada ou cirrose. Essas alterações são vistas através de exames de sangue, exames de imagem e exames físicos”, diz a especialista.
Tratamentos
Segundo Jakeliny, nas formas agudas, o tratamento das hepatites virais consiste em cuidar dos sintomas, pois a doença é autolimitada.
No caso das formas crônicas, existem tratamentos para hepatite B e C. “Geralmente o tratamento para Hepatite B é recomendado para reduzir ou reverter o dano hepático e prevenir complicações de longo prazo da hepatite B. Nem todas as pessoas com hepatite B precisam de tratamento imediato. Depois de iniciar o tratamento, serão feitos exames de sangue regulares para ver como ele está funcionando. O tratamento não deve ser interrompido sem discutir isso com seu médico porque, em alguns casos, o vírus pode voltar rapidamente, causando lesões hepáticas graves”, alerta a especialista.
Ainda segundo a médica, existem vários medicamentos para tratar a hepatite C. Na maioria das pessoas, esses medicamentos têm uma excelente chance de curar a infecção (em torno de 95%). “A duração do tratamento varia entre 03 meses a 6 meses em média com medicação via oral”, pontua.