“Frio e machista”, diz polícia sobre idoso que incendiou e matou marido da ex-namorada
Idoso de 61 anos foi preso após incendiar a casa onde a ex morava com o marido, que morreu após ter 90% do corpo queimado. Crime foi na Serra
O crime ocorrido na última semana, quando um homem de 61 anos invadiu a casa da ex-namorada e ateou fogo no marido dela, foi fruto de uma sucessão de violências contra a mulher e envolvimento com álcool e drogas. É o que aponta a investigação da Polícia Civil.
No último dia 14 de abril, o homem invadiu a casa da ex-namorada, de 50 anos, e incendiou vários cômodos, tentando, inclusive, incendiar a mulher e o marido dela. O crime aconteceu em Bairro das Laranjeiras, na Serra.
O marido, José de Abreu, de 55 anos, era pedreiro e teve 90% do corpo queimado, ficou internado por quase dez dias, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
De acordo com a polícia, o suspeito era viciado em álcool e drogas. A mulher também era alcoolista. Os filhos do casal informaram que era comum, por conta do vício, que a mulher ficasse dias fora de casa.
Mulher estava se separando quando foi morar com o suspeito
O casal estava em processo de separação, quando a mulher decidiu sair de casa e morar com o suspeito, a princípio, dentro de um carro antigo, um Ford Verona.
A mulher morou com o suspeito durante quatro meses. Primeiro, no carro, depois, em uma casa alugada em Jacaraípe, na Serra. No entanto, foram quatro meses sofrendo agressões.
Em uma delas, o suspeito empurrou a mulher por um barranco e ela ficou em coma por uma semana no hospital. Após isso, voltou a ficar com o agressor, foi agredida novamente e decidiu terminar o relacionamento.
Com o término, a mulher pediu para morar na casa com José novamente, mas, neste ponto, já não havia relação afetiva entre os dois, pois estavam separados. Uma semana após a mulher voltar para a casa onde morava, o ex-namorado incendiou a residência.
“Extremamente frio e machista”, diz delegada
A delegada titular da Divisão Especializada de Homicídios contra a Mulher (DHPM), Raffaella Aguiar, classifica o suspeito do crime como “extremamente frio e machista”.
A polícia entende que o crime foi cometido pelo sentimento de posse pela mulher e a não aceitação do término de relacionamento.
“É um homem frio, não quis falar nada na delegacia. Só pela postura dele dá a entender que não tem arrependimento algum, é extremamente machista. A partir do momento que ele perde o controle daquela mulher, ele quer retomar a qualquer custo”, explicou.
De acordo com a Polícia Civil, o autor do crime é viciado em drogas e álcool. A mulher também é alcoólatra e, por esse motivo, o marido teria a aceitado de volta em casa, por entender que estava doente e passando por dificuldades.
Homem morreu tentando salvar a esposa do incêndio
A delegada relatou que o idoso teria tentado atear fogo na mulher com uma substância inflamável, mas José entrou na frente para defendê-la. O homem jogou a substância no corpo da vítima e em seguida ateou fogo.
Em entrevista à TV Vitória/Record, o filho do casal, José Júnior, contou o que aconteceu no momento do crime.
“Morreu protegendo minha mãe. Mesmo ferido, ele tirou minha mãe de dentro da casa no fogo. Meu pai sempre cuidou dela, eu e minha irmã somos os bens mais precisos, ele falou que até a morte iria cuidar dela e foi isso que ele fez”, contou.
Segundo a delegada Raffaella Aguiar, na hora do crime, o único transporte disponível para socorrer José era uma moto.
“Foi um sofrimento terrível. O genro socorreu ele, mas o único meio disponível era uma moto. Ele estava com 90% do corpo queimado e teve que ir agarrado em uma pessoa para ser socorrido. A gente ficou bem chateado com a morte dele, era um homem de coração bom, que pagou com a vida”, disse.
De acordo com a família, por conta do problema com o álcool, a mãe passava dias fora de casa e, em um desses sumiços, ela começou a se relacionar com o suspeito.
Idoso vai responder por homicídio e tentativa de feminicídio
O suspeito de 61 anos foi preso nesta terça-feira (23), dentro da casa onde morava em Jacaraípe, na Serra. A prisão é preventiva e pode ser prorrogada por mais 30 dias.
Ele vai responder por tentativa de feminicídio e por homicídio, ambos qualificados por meio cruel, por conta do uso do fogo, sem possibilidade de defesa das vítimas. O inquérito ainda não foi concluído pela Polícia Civil.