Família de médica assassinada em hotel no ES divulga foto e denuncia agressões do marido
Advogado da família disse que a imagem foi encaminhada pela própria vítima, em abril deste ano, a uma amiga
A família da médica psiquiatra Juliana Ruas El-Aouar, 39 anos, assassinada no quarto de um hotel em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, denunciou que a vítima sofria agressões por parte do marido, o ex-prefeito de Catuji, em Minas Gerais, Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos. Uma foto divulgada provaria isso.
Fuvio está preso desde o últimado (02 sáb) e é considerado pela polícia como o principal suspeito de matar a esposa.
No domingo (03), a Justiça decretou a prisão preventiva dele e do motorista Robson Gonçalves dos Santos, de 52 anos, que estava em outro quarto do hotel onde o crime aconteceu.
De acordo com o advogado criminalista Síderson Vitorino, contratado pela família da médica, a vítima havia mandado para uma amiga, em abril deste ano, uma foto em que aparece com um longo corte na testa.
O ferimento, logo acima da sobrancelha, teria sido tão profundo que Juliana precisou receber vários pontos no local.
Segundo o advogado, a médica teve medo de revelar que a agressão havia sido cometida pelo marido e, na ocasião, disse apenas que havia caído.
No entanto, o advogado afirma que essa mesma amiga que recebeu a imagem já havia presenciado outras marcas de agressão no corpo da vítima.
“Essa amiga notou outros episódios em que a vítima apareceu com escoriações, roxos e outras marcas de violência. Só que ela nunca confessava que eram agressões. Sempre dizia que tinha caído, batido a cabeça ou coisa do tipo. Ela tinha medo de contar que era agredida pelo marido”, frisou o advogado.
Vitorino disse que, a pedido da família, já encaminhou a foto à Polícia Civil, para contribuir com as investigações.
O advogado também passou para a polícia o contato dessa amiga que recebeu a foto e de outras testemunhas, que, segundo ele, já presenciaram brigas e gritaria dentro do apartamento do casal.
Síderson Vitorino ressaltou ainda que solicitou ao delegado responsável pelas investigações outras diligências, mas que não podem ser reveladas para não atrapalhar as investigações.
Relatos de agressões serão investigados pela polícia
O titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Colatina, delegado Deverly Pereira Junior, responsável pelo caso, disse à reportagem do jornal online Folha Vitória que ainda não teve acesso à foto divulgada pela família da médica.
No entanto, ressaltou que a polícia já recebeu diversas informações dando conta de um histórico de violência envolvendo o casal. Ele afirma que todos esses fatos estão sendo apurados para que a polícia chegue a uma conclusão sobre o que motivou o assassinato da psiquiatra.
“Não podemos excluir esses fatos anteriores porque eles servem como elementos informativos, dentro desse inquérito, para chegarmos à motivação”, frisou.
O delegado explicou ainda que o marido da vítima corre o risco de responder por outros processos, referentes a possíveis casos de agressão contra a companheira, mas que essas investigações teriam de ser conduzidas pela Polícia Civil de Minas Gerais, onde o casal residia e os fatos teriam ocorrido.
A reportagem do Folha Vitória tentou, mas não conseguiu contato com o responsável pela defesa de Fuvio Luziano Serafim, o advogado mineiro Tarcio Leite de Almeida. Caso a defesa do suspeito se manifeste, a matéria será atualizada.
Relembre o caso
A ´Polícia Militar informou, em boletim de ocorrência registrado no dia do crime, que recebeu informações de um possível homicídio ocorrido nas dependências de um hotel em Colatina.
Quando os militares chegaram ao local, a gerente do estabelecimento informou que Juliana estava hospedada com o marido em um quarto. Já Robson, motorista do casal, estava hospedado em outro quarto, no mesmo andar.
A gerente relatou ainda que outros hóspedes reclamaram de bagunça e barulhos no quarto de Juliana e Fuvio durante a madrugada e que, já pela manhã, o marido da médica apareceu na recepção bastante alterado.
Segundo a funcionária, ele estava com pressa para pagar a conta, alegando que sua esposa estava passando muito mal, e chegou a desmaiar.
O Samu foi acionado e, ao chegar ao local, a equipe constatou o óbito de Juliana. Considerando a possibilidade de tratar-se de um cenário de crime, a perícia foi acionada e realizou o isolamento área.
Durante as investigações ainda no local, foi constatado, por meio de câmeras de monitoramento interno, uma movimentação de entrada e saída no quarto do casal durante a madrugada, entre o marido da médica e o motorista.
Marido e motorista contaram versões diferentes
Ao ser questionado sobre o que teria ocorrido, o marido da médica relatou que a esposa havia passado por um procedimento cirúrgico no dia anterior (sexta-feira) e, em seguida, eles teriam ido a uma churrascaria.
Segundo o suspeito, eles retornaram para o hotel e, ao acordar na manhã de sábado, ele teria encontrado Juliana desmaiada na cama, possivelmente em óbito.
Fuvio relatou que fez contato com o Samu e foi orientado a colocá-la no chão do quarto, para tentar reanimá-la.
Já o motorista do casal relatou que foi chamado por Fuvio para ir ao quarto, pois Juliana havia caído no banheiro e precisava de ajuda.
A polícia destacou que ambos apresentaram versões diferentes do cenário encontrado pela perícia, que o quarto estava revirado, com garrafas de cerveja, sangue nas roupas de cama, a mulher com ferimentos pelo corpo, além de vidros de remédio quebrados.