Dr. Bruno cobra ampliação de serviço de AVC no estado

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Presidente da Comissão de Saúde alerta para alto índice de mortalidade do AVC e pede atenção da pasta da saúde para a doença

O presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (Ales), deputado Dr. Bruno Resende (União), apresentou uma série de questionamentos ao secretário de Estado da Saúde, Miguel Paulo Duarte Neto, durante sua prestação de contas ao colegiado, nesta sexta-feira (22). Dentre os tópicos levantados pelo parlamentar destacam-se ortopedia, hospitais de pequeno porte (HPP), infraestrutura, consultas e exames, além do tratamento do Acidente Vascular Cerebral (AVC), assunto bastante debatido na sabatina.

AVC

“Nós já debatemos várias vezes, eu faço aqui mais uma vez um apelo para que a gente consiga ampliar nossa cobertura de AVC nas regiões Norte e Noroeste do Estado. A gente está trabalhando forte para abrir a primeira unidade de AVC, de verdade, lá em Linhares, no Hospital Rio Doce. Eu faço mais uma vez aqui esse apelo, para que a gente possa ampliar esse serviço”, afirmou.

“Nos pontos onde nós temos uma tomografia e um médico, a trombólise (uso de medicação para dissolver coágulo) pode ser feita. A gente já tem tecnologia no mercado pra isso, ampliando assim, a velocidade de tratamento dessa que é uma das doenças que mais mata no mundo. O AVC não está longe da nossa casa, se não está dentro pode saber que tem alguém por perto que já tem essa história, que tem sequela de AVC, que passou por esse momento, que foi tratado dignamente ou sequer teve a chance de se cuidar contra uma das doenças que mais matam no mundo”, alertou o médico.

“A gente tá falando de uma doença que em seis horas vai matar ou sequelar um dos membros de alguma família capixaba. Então a gente não tem tempo. Tem uma frase que é muito enigmática em relação a isso: ‘tempo é cérebro’. Se a gente não trata na hora, a gente tá perdendo a vida ou está perdendo o convívio familiar daquele paciente”, apontou Dr. Bruno.

O secretário afirmou que o governo está debruçado sobre a questão. “Nós já estamos tratando dessa linha de cuidado, ainda não com a celeridade que seria ideal, mas está sendo feito um trabalho. O Hospital Central hoje é a referência, um hospital que é acreditado internacionalmente em AVC, tem o melhor tempo resposta para tomografia do Brasil, melhor que Sírio-Libanês, que Einstein (ambos hospitais de São Paulo – SP), que Moinhos de Vento (hospital de Porto Alegre – RS), que são referências. Melhor que as unidades de Santa Catarina, que é outra referência”, avaliou.

“Isso demonstra que, além da trombólise, nós tivemos um item, que no ano passado foi um divisor de águas não só no Espírito Santo, mas nacionalmente, que foi a incorporação da trombectomia (procedimento cirúrgico para desobstrução de coágulos) dentro dos procedimentos do SUS. Isso vai facilitar o nosso financiamento do Hospital Central, porque foram três anos bancados única e exclusivamente pelo governo do Estado, investimento que passou dos R$ 360 milhões nesses três anos”, pontuou o gestor.

“E com isso, hoje, 50 mil brasileiros têm acesso à trombectomia depois da portaria do Ministério da Saúde. Isso nos dá capacidade orçamentária e financeira de levar esse credenciamento para outras unidades”, concluiu.

Veja o que o secretário falou sobre os demais tópicos levantados:

Ortopedia

“Nós estamos fazendo agora um trabalho específico para joelho, quadril e ombro de altíssima complexidade, que são as artroplastias. Nós estamos com um trabalho específico dentro do recurso recebido para cirurgias eletivas do Ministério da Saúde, que também é importante citar, foi dobrado esse ano, passamos de R$ 11,7 milhões para R$ 23 milhões, podendo chegar a R$ 25 milhões. Então nós estamos trabalhando com essa ampliação, principalmente das artroplastias”. A artroplastia é uma cirurgia indicada quando há desgaste intenso nas articulações.
Hospitais de pequeno porte (HPP)

“A cirurgia geral pode estar, sim, dentro dos hospitais de pequeno porte. E a nossa equipe chamou vários desses hospitais de pequeno porte durante os meses de dezembro e janeiro e perguntou o que eles poderiam oferecer. Então muitos hospitais ofereceram linhas de cuidado e nós já contratualizamos com eles, ou seja, eles já estão em execução”.

“Muitos desses hospitais já estão em andamento, e aí eu posso citar um deles que teve incremento agora, a Maternidade de Colatina, foi um dos hospitais. Mas a gente ampliou para Santa Maria de Jetibá, Domingos Martins e diversos outros hospitais que nos procuraram”.

“Agora o que é importante? A gente canaliza o recurso, disponibiliza uma linha de cuidado, mas esses hospitais, em contrapartida, precisam fazer entregas. Se as entregas não forem feitas, a gente vai reorientar o recurso para outro hospital que consiga fazer a execução ainda em 2024, porque a nossa intenção é dar acesso”.

Infraestrutura dos hospitais

“Alguns aspectos são importantes para nós, além da reforma estrutural, trazer humanização e fluxo de trabalho. São dois itens, além da reforma estrutural, que a gente tem trabalhado. E, quando possível, ampliação da linha de cuidado, de acordo com o perfil traçado. Acho que 2024 não será um ano de grandes entregas na reestruturação, 2025 sim, porque estarão mais maduros os projetos e porque demora um pouquinho para licitar e fazer toda aprovação”.

Consultas e exames x absenteísmo

“Ano passado nós tivemos o maior volume ofertado, foram mais de um milhão de consultas e exames. Esse ano nós queremos entregar 1,6 milhão, um crescimento de 60%. Por isso que eu disse que o nosso foco esse ano é consulta e exame, porque nós tivemos avanços importantes já nas cirurgias”.

“Um item que atrapalha muito é que nós perdemos praticamente 300 mil consultas e exames por causa do absenteísmo (quando o paciente não comparece a um exame ou consulta agendada). (…) Estamos fazendo um trabalho junto aos secretários municipais de Saúde para reduzir esse item. É verdade também, que quanto mais tempo o paciente espera na fila, mais favorece o absenteísmo. Então essa é uma tendência natural de redução, agora que nós estamos aproximando as filas do momento atual”.

“Muitas vezes ele não desmarca o seu pedido de exame ou de consulta, mas ele já por outro meio conseguiu aquela consulta ou aquele exame. Então, conforme a gente vai aproximando e diminuindo esse tempo, nós vamos também contribuir para a redução do absenteísmo”.

Judicialização

Para o presidente do colegiado, deputado Dr. Bruno Resende, dar acesso à medicação e tratamento oncológico é um dos principais desafios a serem solucionados pelo Estado, gerando grande impacto na judicialização. A promotora de Justiça Inês Thomé Poldi Taddei, dirigente do Centro de Apoio Operacional de Implementação das Políticas Públicas de Saúde do Ministério Público (MPES), falou sobre a situação.

“Fizemos uma reunião com a Gerência Estadual de Assistência Farmacêutica e constatamos que dos mais de R$ 90 milhões que são gastos em judicialização de medicamentos, que é o ‘top 1’ de investimentos em recursos na saúde, nós estamos com a metade desse valor sendo destinado somente para medicamentos relacionados à oncologia”, informou a promotora.

“E quando nós falamos de medicamentos judicializados de oncologia em detrimento do Estado, nós estamos fazendo com que o Estado invista numa área que está hoje sob atribuição do Ministério da Saúde. O melanoma, se nós pararmos para analisar tudo que foi colocado, nós estamos hoje sem prestar atendimento para essa população”, complementou.

“Nós precisamos que essa população tenha acesso, porque mesmo com a judicialização, para obter o medicamento e continuar esse tratamento dentro dos hospitais habilitados, o tempo que se demora entre a demanda e a liberação do medicamento por meio de medidas liminares é um tempo grande, que influencia inclusive no tratamento. Isso, aqueles poucos que acionam o Poder Judiciário, porque muitos sequer chegam a esse ponto e nós não temos conhecimento de onde esses pacientes estão”, lamentou a dirigente.

A promotora também tratou da judicialização de exames, consultas e cirurgias especializadas. A convidada explicou que a tecnologia tem contribuído de maneira significativa para o diagnóstico e resolução dos gargalos. “Por meio desse avanço tecnológico interpretamos esse quantitativo de pessoas, o tempo de espera dessas pessoas nessa fila, o quantitativo por especialidade, onde que o Estado tem que enfrentar e, principalmente, o absenteísmo, que antes era colocado, mas nós não tínhamos isso em concreto e identificado por meio de um sistema, e hoje nós temos”, afirmou.

“Com base nesses dados que estão sendo apurados e levantados por meio da tecnologia, hoje o Estado tem condição de apresentá-los, e nós, podemos juntos, sim, os órgãos de controle, mais a secretaria, mais os municípios, verificarmos o que realmente está impactando naqueles dados que estão sendo apresentados e buscar uma solução imediata para aqueles números baixarem e se adequarem em uma situação que a gente tenha um benefício grande para a população capixaba”, finalizou.


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