Dino determina que PF investigue transações financeiras da Operação Lava Jato

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A Polícia Federal (PF) iniciou uma investigação abrangente sobre todas as transações financeiras ligadas à Operação Lava Jato. A iniciativa, motivada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, visa elucidar a proveniência, o destino e os mecanismos utilizados nos movimentos financeiros da Operação. A ação vem como resposta às revelações do UOL de que acordos foram negociados secretamente entre ex-procuradores da Lava Jato e autoridades americanas. Dino compartilhou em suas redes sociais que o inquérito buscará entender a origem e o destino de bilhões de reais e os motivos que levaram a tais acordos com autoridades estrangeiras.

 

Baseada nas informações publicadas pelo UOL, a PF aumentará o escopo de sua investigação, especialmente devido à suspeita de que a equipe da Lava Jato em Curitiba operou com excesso de autoridade. Inicialmente, o foco da investigação será a origem, destino e procedimentos das contas sob gestão do Judiciário e da 13ª Vara Federal. Até o momento, não há pedidos para violar o sigilo bancário pessoal dos procuradores ou do ex-juiz e atual senador Sérgio Moro. No entanto, esta opção pode vir a ser considerada se a fase inicial da investigação revelar irregularidades.

 

Na última semana, o UOL divulgou uma reportagem detalhada explicando como o ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol negociou a portas fechadas um acordo com autoridades americanas para partilhar os fundos derivados de multas e sanções contra a Petrobras por corrupção. Dallagnol não respondeu aos pedidos de esclarecimento da reportagem até depois que ela foi publicada. Foi revelado que as negociações não incluíram a Controladoria-Geral da União (CGU), o órgão responsável por lei neste caso, e que conversas entre procuradores suíços e brasileiros ocorreram durante mais de três anos via Telegram sem serem oficialmente registradas.

 

O UOL apontou que Dallagnol supostamente ocultou a presença de pelo menos 17 agentes americanos em Curitiba em 2015 do Ministério da Justiça, que deveria ter sido notificado. Isso incluía procuradores ligados ao Departamento de Justiça dos EUA e agentes do FBI. As reuniões e negociações ocorreram sem solicitação formal de assistência e foram confirmadas por documentos oficiais do Ministério das Relações Exteriores brasileiro. Durante as conversas e visitas, os procuradores da Lava Jato teriam sugerido aos americanos maneiras de contornar uma decisão do STF que permitia que os EUA ouvissem delatores da Petrobras no Brasil. As informações trocadas sem o conhecimento do Ministério da Justiça foram intensas e, com base nessas informações, agentes americanos ouviram depoimentos no Brasil que foram utilizados para processar a Petrobras nos Estados Unidos.


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