Desmatamento: Brasil registra queda geral, mas Amazônia e Cerrado ainda são afetados
Recentemente, dados divulgados pela rede MapBiomas revelaram que um único imóvel rural no Piauí desmatou 13.628 hectares em um período de apenas três meses, marcando o maior alerta de desmatamento registrado em seis anos de monitoramento. Essa informação ressalta a crescente preocupação com a preservação ambiental na região da Caatinga.
Apesar das boas notícias sobre a redução do desmatamento em todos os biomas brasileiros em 2024, o Cerrado ainda se destaca como o ecossistema mais afetado, perdendo 652.197 hectares. O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD) apresenta uma diminuição de 32,4% nas áreas desmatadas nos seis biomas monitorados, sendo este o segundo ano consecutivo de queda. Em comparação com 2022, o desmatamento já havia mostrado uma retração superior a 11% em 2023.
Nos últimos seis anos, o Brasil perdeu uma área equivalente ao tamanho da Coreia do Sul, totalizando 9.880.551 hectares entre 2019 e 2024, com 67% dessa perda concentrada na Amazônia Legal (6.647.146 hectares). Essa situação levanta questões sobre a viabilidade da meta de desmatamento zero na Amazônia até 2030, proposta pelo presidente Lula durante sua campanha. Embora haja avanços, estudos recentes indicam que a degradação florestal pode comprometer os resultados positivos obtidos até agora no bioma amazônico.
Um estudo publicado na revista “Global Change Biology” revelou que a área degradada na Amazônia cresceu 163% entre 2022 e 2024, impulsionada por incêndios florestais durante secas extremas. No mesmo período, foram devastados aproximadamente 25 mil km² de floresta, área superior ao estado de Sergipe, enquanto o desmatamento geral apresentou uma queda de 54%.
A análise dos dados do MapBiomas indica que os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — conhecidos coletivamente como Matopiba — concentraram 75% do desmatamento no Cerrado e cerca de 42% da perda total de vegetação nativa no Brasil. Juntamente com o Pará, esses estados são responsáveis por 65% do desmatamento registrado em todo o país em 2024.
O Maranhão, apesar de ter reduzido seu desmatamento em 34,3% em relação ao ano anterior, continua sendo o estado com maior área devastada em 2023, contabilizando mais de 218 mil hectares. Por outro lado, a Amazônia ainda enfrenta sérias preocupações: embora tenha registrado o menor índice de desmatamento desde o início da série histórica do RAD em 2019, a região da Amazônia Legal perdeu 377.708 hectares.
No estado do Acre, embora pequeno em comparação aos outros da região amazônica, o desmatamento aumentou em 30% em relação à média anterior. Quando somados os dados do Cerrado e da Amazônia, esses biomas representam quase 83% do total desmatado no Brasil em 2024.
O Pará também se destaca negativamente por acumular cerca de dois milhões de hectares perdidos entre 2019 e 2024 e sediará a COP30 em Belém no próximo mês de novembro.
Com relação à Caatinga, o único imóvel rural no Piauí que registrou uma devastação significativa coloca a região sob alerta máximo. Os municípios que lideram as taxas de desmatamento no estado incluem Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal.
A Mata Atlântica e o Pantanal também sofreram perdas significativas: a primeira perdeu cerca de 13.472 hectares (1,1%), enquanto o Pantanal teve uma diminuição correspondente a 1,9%, ou seja, aproximadamente 23.295 hectares. Em contraste, o Pampa apresentou a menor taxa de desmatamento com apenas 896 hectares.
Conforme revela o MapBiomas, mais de 97% da perda de vegetação nativa no Brasil nos últimos seis anos está diretamente relacionada à agropecuária. Além disso, diferentes biomas apresentam causas diversas para o desmatamento; por exemplo, enquanto na Amazônia cerca de 99% da área devastada é atribuída ao garimpo.
A crescente preocupação com os extremos climáticos e suas consequências para a Mata Atlântica também merece atenção especial neste contexto crítico.