Ciro Nogueira e Tarcísio negam envolvimento de Bolsonaro em tentativas de golpe

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Nesta sexta-feira (30), os ex-ministros Ciro Nogueira, atual senador, e Tarcísio de Freitas, que ocupa o cargo de governador de São Paulo, afirmaram não ter conhecimento sobre qualquer envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro em tentativas de ruptura institucional ou golpes de Estado.

Os dois políticos prestaram depoimentos por videoconferência como testemunhas de defesa no processo penal que investiga uma suposta conspiração para manter Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições de 2022. A audiência foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Tarcísio, considerado um potencial candidato do bolsonarismo na próxima eleição presidencial, declarou que em nenhum momento discutiu com Bolsonaro sobre a possibilidade de um golpe, seja antes ou depois da eleição. “Durante meu tempo como ministro, esse assunto nunca foi abordado”, disse ele.

Após sua derrota nas urnas e já na condição de governador, Tarcísio revelou que visitou Bolsonaro algumas vezes no Palácio da Alvorada em Brasília, ressaltando que essas visitas foram motivadas por amizade e que em nenhum momento o ex-presidente mencionou qualquer intenção de ruptura institucional.

Ciro Nogueira, presidente do Progressistas (PP), ofereceu uma resposta semelhante quando interrogado sobre as conversas que teve com Bolsonaro após a eleição. “De forma alguma isso aconteceu. O presidente sempre me orientou a conduzir a transição da maneira mais eficiente possível”, afirmou.

Nogueira também comentou sobre o estado emocional de Bolsonaro durante o período pós-eleitoral, mencionando que o ex-presidente apresentava sinais de depressão e desinteresse pela situação do país. No entanto, garantiu que a transição ocorreu dentro da normalidade e sem tentativas de obstrução.

Testemunhas dispensas

Inicialmente programado para depor nesta mesma manhã estava Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, partido ao qual Bolsonaro é filiado. Contudo, sua participação foi cancelada pela defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, outro réu no processo.

Valdemar já havia sido indiciado pela Polícia Federal por suposta ligação com a trama golpista, mas posteriormente não foi incluído na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Além dele, outros ex-ministros como Gilson Machado (Turismo) e Eduardo Pazuello (Saúde) também foram dispensados da audiência programada.

Ainda na sexta-feira, o deputado distrital Hermeto (MDB) prestou depoimento como testemunha de defesa para Anderson Torres. Ele explicou que não incluiu Torres em seu relatório final da CPI sobre os eventos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro porque não viu responsabilidade do então secretário na situação.

A secretária de Desenvolvimento Social do DF, Ana Paula Soares Marra, confirmou sua presença em uma reunião em 6 de janeiro com o general Gustavo Henrique Dutra e Torres, onde discutiram a desmobilização de acampamentos bolsonaristas em Brasília.

Contexto Judicial

A ação penal 2668 foi instaurada após a Primeira Turma do Supremo aceitar parte da denúncia da PGR relacionada ao núcleo central do alegado golpe. Entre os réus estão Jair Bolsonaro e outros altos membros de seu governo.

As audiências com as testemunhas tiveram início em 19 de maio e estão programadas para continuar até 2 de junho. As sessões são supervisionadas pelo ministro Alexandre de Moraes, que proibiu gravações das audiências enquanto jornalistas podem acompanhar as declarações diretamente na sala do tribunal.


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