Camila Valadão reivindica políticas contra o racismo
Deputada apontou necessidade de criação de secretaria e delegacia especializadas no combate a crimes de cunho racial
A deputada Camila Valadão (Psol) cobrou do governo estadual o cumprimento de medidas de combate à desigualdade racial. A cobrança vem no Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, celebrado nesta terça-feira (21).
Ela fez um apelo para que o governador Renato Casagrande (PSB) receba ativistas do movimento negro capixaba na tentativa de estabelecer uma agenda em torno de demandas que, conforme disse, foram apresentadas ao chefe do Executivo quando estava em campanha na eleição do ano passado.
Valadão relatou entre as ações mais urgentes reivindicadas pelo segmento a criação de uma secretaria estadual e de uma delegacia especializada contra o racismo.
“Precisamos também de urgência na implantação de políticas de combate à discriminação racial e de proteção às comunidades quilombolas”, acrescentou.
Apartheid
A deputada citou que 21 de março é uma alusão ao dia e mês do ano de 1960, quando 69 negros foram mortos durante protesto na África do Sul contra lei que limitava lugares onde as pessoas negras poderiam circular.
Mais de 20 mil negros participavam da manifestação que, segundo os registros históricos, seguia tranquila até que tropas do Exército sul-africano, durante o regime do Apartheid, fizeram disparos contra a multidão.
Além das mortes, 186 negros sul-africanos acabaram feridos, no episódio que ficou conhecido como massacre de Sharpeville. Em memória à tragédia, a Organização das Nações Unidas instituiu o 21 de março como o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial.
O Apartheid vigorou entre 1948 e 1994 na África do Sul, numa ditadura sustentada pelo Partido Nacional, de extrema-direita, baseado em legislação segregacionista, com o intuito de promover privilégios para a parcela branca da população.
Síndrome de Down
O Dia Mundial da Síndrome de Down, também celebrado em 21 de março, foi pauta de discursos durante a sessão. A data traz à tona a conscientização global e comemoração à vida das pessoas que apresentam essa condição de saúde.
Os deputados Dr. Bruno Resende (União) e Raquel Lessa (PP) destacaram a importância de se dar cada vez mais visibilidade não só às pessoas que nasceram com a síndrome, mas também aos pais e responsáveis que enfrentam muitas dificuldades, já que se trata de um transtorno que demanda atendimento especializado.
Raquel defendeu a deflagração, pelo poder público, de campanhas esclarecendo melhor sobre a síndrome de Down, já que, segundo pontuou, muitas pessoas acham que se trata de uma doença, quando na verdade é uma condição genética.
Isso significa, conforme enfatizou, que não há necessidade de tratamento ou busca de cura, mas de respeito e atenção especial, já que os que vivem com essa condição precisam de abordagem multidisciplinar no processo de aprendizagem e inclusão social.
Citando dados do IBGE, a deputada relatou que mais de 300 mil pessoas no Brasil têm síndrome de Down, destas, cerca de 5 mil são capixabas. De acordo com os números citados, a cada 150 nascimentos um bebê tem a síndrome.
“As crianças com esse transtorno são alegres e afetuosas. A ideia de que são inferiores precisa ser cada vez mais combatida por meio de educação e conscientização”, defendeu Raquel Lessa.
Bruno Resende lembrou que a síndrome de Down afeta milhões de pessoas em todo o mundo e que a data de 21 de março serve para conscientizar sobre a necessidade de políticas públicas destinadas a garantir a inclusão social das pessoas que nasceram com a condição.
Nesse sentido, ele relatou ter se reunido na manhã desta terça no gabinete com representantes das entidades Vitória Down e Cariacica Down para discutir a elaboração de iniciativas de lei destinadas à criação de políticas voltadas para o segmento.