Assembleia celebra 176 anos da Insurreição de Queimado
Resgate do histórico levante por liberdade foi momento para exaltar a importância do povo negro para a construção do estado, valorizar a cultura e a luta por igualdade
Os 176 anos daquela que foi a maior revolta contra a escravidão no Espírito Santo, a Insurreição de Queimado (1849), foram lembrados em sessão solene na Assembleia Legislativa (Ales) nesta terça-feira (8). A solenidade foi coordenada pela deputada Iriny Lopes (PT), que destacou o simbolismo daquele levante para lutas ainda tão atuais.
Em março de 1849, mais de 200 negros escravizados, liderados por Chico Prego, João da Viúva e Elisiário, revidaram uma promessa de liberdade não cumprida pelo frei Gregório de Bene. A revolta foi duramente reprimida com parte da liderança sendo condenada à morte. As ruínas da antiga igreja de São José do Queimado, hoje preservadas por iniciativa e cuidados de movimentos sociais, formam o grande símbolo dessa história.
“Todos os anos a turma se junta, os movimentos se juntam, e vão até lá para manter viva essa história e para honrar aqueles que deram suas vidas para não serem mais ludibriados, maltratados, pisoteados, nem por frei Gregório, nem por mais ninguém. Que mantém a sua autonomia enquanto raça, a sua cultura, seus costumes e que se coloque, com muita altivez, como um povo que é responsável em grande medida pela riqueza deste grande país que é o Brasil”, refletiu a parlamentar sobre o que representa a Insurreição.
A deputada Iriny Lopes é autora da Lei 12.032/2024, que instituiu a Semana Estadual da Insurreição de Queimado, a ser comemorada entre os dias 19 e 26 do mês de março.
A vereadora de Vitória Ana Paula Rocha (PT) destacou a importância de reivindicar a herança de resistência “de uma África que existe no Brasil”:
“Quando a gente olha pra história, quem construiu a igreja de Queimado foram as mãos negras. Quem plantou as roças que geraram as riquezas também foram. Quando a gente olha o Convento da Penha a gente sabe que tem a mão negra e a inteligência negra e originária. Nesse momento, a maior demanda da população negra é lutar por reparação histórica, que passa pela justiça, pela memória e também por ocupar espaços de poder, de ciência e falar da importância da gente não permitir que a única história e a única narrativa seja a história da dor”, defendeu.
A mesa foi composta com as presenças da gerente de Políticas de Promoção à Igualdade Racial, Edineia Conceição de Oliveira; da secretária municipal de Direitos Humanos de Serra, Lilian Mota; e do representante do Conselho Municipal de Igualdade Racial de Serra, Ivo Lopes, que discursaram na tribuna.
- Também estavam na mesa e fizeram uso da palavra: a liderança Maria de Fátima Tolentino (Fatinha) – representando a vereadora de São Mateus Professora Valdirene (PT); o representante da Federação Espírito Santense de Cultura e Povos Tradicionais de Matriz Africana Ricardo Paiva; a superintendente do Incra, Penha Lopes; o vereador de Vitória Professor Jocelino Junior (PT); e Sheila Caira de Souza, representante do Fórum Chico Prego.
A homenagem na sessão solene foi feita com entrega de certificados.
Lista de homenageados:
- Gleimer Lisboa de Souza (in memoriam)
- Geovani da Silva Braga
- Associação do Agroturismo da Serra ES AGROTUR
- Projeto Social PROBEM Mulher
- Luciana Souza – Baiana
- Adriana Silva
- Anarjete Coelho
- Ana Paula Rocha
- Rosa Maria de Oliveira
- Valdirene Bernadino Pires
- Performance Itinerante
- Dominic Silva de Souza
- Coordenação Municipal Étnico Racial da Serra (CEER)
- Vera Maria das Dores Calazans
- Bernardino Gaspar
- Maria da Penha Lopes dos Santos
- Maria Aparecida Pereira Pinto
- Luiz Felipe Machado do Carmo
- Marcos Martins
- Marilene Aparecida Pereira
- Layza Lima
- Ilona Açucena
- Roberto Rodrigues Pereira
- Professor Jocelino
- Maria José Vilaça Gonçalves