Ales inaugura galeria sobre mandatos femininos na Casa

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Galeria Lilás reúne fotos e perfis das ex-deputadas estaduais e das quatro atuais

A luta permanente para que mulheres ocupem mais espaço no poder político capixaba foi destacada durante a inauguração da Galeria Lilás, na Assembleia Legislativa (Ales). Localizado perto do Plenário Dirceu Cardoso, o espaço permanente traz um painel de fotos e destina-se a homenagear as atuais deputadas, as que já exerceram mandatos em legislaturas e as futuras.

Fotos

A procuradora especial da Mulher do Parlamento estadual, deputada Iriny Lopes (PT), lamentou que, em 190 anos de história do Legislativo capixaba, apenas 17 ocuparam o posto. “Maravilhoso o nosso painel, esse lilás ficou tudo, todas fantásticas (as mulheres), mas para 190 anos é muito pouco, diante do que nós somos e podemos”, refletiu.

Iriny fez um relato das dificuldades enfrentadas pelas mulheres que disputam mandatos na política e afirmou que espera que a Galeria Lilás, ao longo dos anos, ganhe uma sequência que ocupe “todas essas paredes para que possamos estar aqui no tamanho que somos”.

O presidente da Casa, Marcelo Santos (União), destacou que o trabalho das atuais e das ex-deputadas da Ales é relevante para a história do Espírito Santo.

“Essas mulheres nunca envergonharam o Parlamento capixaba e fazem e fizeram uma falta danada em outros Parlamentos porque sempre protagonizaram o bom debate”, pontuou.

Marcelo afirmou que uma de suas marcas no comando da Casa é garantir que todas as deputadas tenham a liberdade de desempenhar suas funções no Parlamento sem temor de constrangimento de qualquer natureza devido à questão de gênero.

“Aqui a deputada Camila Valadão (Psol) tem voz e voto e representa os seus iguais, da mesma forma a deputada Janete de Sá (PSB), Raquel Lessa (PP) e Iriny Lopes, na mesma medida que qualquer deputado”, disse Marcelo.

Ele acrescentou que, no Parlamento, é preciso ter a condição de às vezes não concordar, mas respeitar a opinião do colega, uma vez que ninguém é dono da verdade absoluta, sendo o Poder Legislativo o espaço para o debate de ideias de interesse da sociedade.

O presidente afirmou que, além de a atual legislatura ser a que mais tem mulheres ocupando espaço na Mesa Diretora, é também a que registra o maior número de servidoras em cargos de gestão na Casa, como as áreas de recursos humanos e finanças, além da Casa dos Municípios.

Camila Valadão reconheceu o empenho de Marcelo no sentido de garantir à bancada feminina as prerrogativas parlamentares, situação que não teria vivenciado, conforme disse, quando exerceu o mandato de vereadora de Vitória, antes de se eleger para a Ales. “Diferenças existem no Plenário, e assim tem que ser, porque no Parlamento estão presentes as diversidades das forças políticas e sociais, mas isso tem de ser feito garantindo que todos os parlamentares, em especial as mulheres, tenham condições de divergir”, considerou.

Raquel Lessa disse que, ao olhar a galeria, se perguntou como ela estava ali. “Sou uma mulher do interior, de uma cidadezinha de 19 mil eleitores, e eu consegui, estou no meu terceiro mandato, sendo a primeira pessoa do sexo feminino eleita no meu município”, citou, acrescentando que a população de Pancas, sua cidade natal, nunca havia elegido sequer uma vereadora.

Segundo ela, por ser um município com forte presença de imigrantes italianos, antigamente na divisão das heranças as terras eram dadas para os homens e máquinas de costura às mulheres, sinal de “machismo” que reflete ainda hoje também na política.

“Na escola em Pancas eu tinha muita vergonha e não conseguia apresentar um trabalho, tremia muito; e lembro-me do primeiro discurso que escrevi quando fui candidata, levei uma folhinha e escrevi, mas não conseguia ler devido ao tanto que tremia”, relatou.

Também fez uso da palavra a procuradora de Justiça Catarina Cecin Gazele, primeira mulher a ocupar a chefia do Ministério Público do Estado do Espírito Santo. Ela fez história como pioneira na luta pelo desenvolvimento do feminismo no Espírito Santo.

Relatou ter respondido a um processo administrativo, que acabou arquivado, no final dos anos 70, durante o regime militar, em represália à sua dedicação na defesa dos direitos das mulheres.

A procuradora falou sobre a importância de parcerias realizadas pelo Ministério Público com a Ales, frisando que essas iniciativas foram intensificadas após a criação da Procuradoria Especial da Mulher.

A inauguração da Galeria Lilás faz parte das comemorações da Ales no Mês da Mulher. O evento teve apresentação cultural de Marinalva Conceição de Souza, com o conto “Moça Tecelã”, da escritora Marina Colossanti; e também da música “Sorriso de Marielle”, cantada por Raquel Passos.

Certificados

As deputadas e ex-deputadas receberam certificados pela Procuradoria Especial da Mulher. Foram homenageadas Iriny Lopes (PT), Camila Valadão (PT), Raquel Lessa (PP) e Janete de Sá (PSB), da atual legislatura; e as ex-parlamentares Brice Bragato, Penha Feu Rosa e Lúcia Dornellas. Judith Leão, Fátima Couzi e Sueli Vidigal foram representadas por familiares.

Também constam na galeria imagens das outras ex-parlamentares: Mariazinha Veloso Lucas, Luzia Toledo, Claudia Lemos, Eliana Dadalto, Solange Lube, Rose de Freitas e Aparecida Denadai. Das 17 deputadas, duas são falecidas: Mariazinha e Judith Leão.


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