Ales avalia medidas de apoio a superdotados

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Sessão especial acolheu sugestões que podem ajudar no desenvolvimento do potencial de pessoas com altas habilidades ou superdotação

 

Diagnóstico precoce e acompanhamento especializado são consenso entre os especialistas que se reuniram nesta sexta-feira (26) para uma sessão especial com o objetivo de propor ideias para a criação de uma Política Estadual de Incentivo ao Desenvolvimento de Pessoas com Altas Habilidades. O encontro proposto pelo deputado Tyago Hoffmann (PSB) foi realizado no Plenário Dirceu Cardoso.

O desenvolvimento de habilidades precoces, especialmente em aspectos intelectuais, acadêmicos, liderança, criatividade, desenvolvimento de talentos em áreas de seu interesse são, para a doutora em educação de superdotados Olzeni Ribeiro, sinais que devem ser observados pelos pais.

“A gente precisa, primeiro, ver quem são, de fato, essas pessoas superdotadas. O nosso conceito que está na política pública diz o seguinte: entende-se como uma pessoa com altas habilidades ou superdotação, aquela que demonstra potencial elevado em uma dessas áreas”, analisou.

A neuropsicopedagoga explicou que as crianças que não têm o acompanhamento adequado acabam sofrendo com questões psicológicas. “Isso vai gerar questões de saúde mental como depressão existencial, ansiedade, predisposição a se machucar, inclusive nós temos muitos alunos nas escolas que estão se machucando e isso não está sendo percebido. Se machucam, arrancam pedacinhos da pele para sentir uma dor física, para substituir uma dor emocional de deslocamento, de não se sentir incluída”, alertou a convidada.

“Esses alunos têm potencialidade, capacidade e condição de ajudar os estados a crescerem e a os incluírem no desenvolvimento do país, das nações, mas, para isso, eles precisam estar preparados internamente. Existe um corpo físico, um corpo mental, um corpo emocional que precisa estar preparado. Onde buscamos essa preparação? Na educação, nas escolas”, concluiu a especialista.

Pequeno gênio

Vencedor do quadro “Pequenos Gênios” do programa “Domingão do Huck”, em 2022, o estudante do 9° ano Igor Pinheiro, de 14 anos, falou sobre suas experiências nas escolas que estudou. “Atualmente eu estou tendo todo o suporte, geralmente meus colegas eles entendem, e isso é bom pra ajudar meus colegas também. E os professores eu acho que é a mesma coisa, às vezes eu tenho algo pra acrescentar na aula, e isso é muitas vezes algo bom”, disse.

“Antigamente, pelo menos na escola que eu estudava, eu tinha um apoio também, eu tinha uma sala só para pessoa de altas habilidades e acabava que os professores me ajudavam sempre, eu fazia pesquisas. Só que os professores regulares, tipo das matérias anuais, alguns deles não entendiam e ficavam falando que eu queria aparecer, falando que aquilo não estava certo, que eu não precisava falar e outras coisas”, revelou o estudante.

“Eu tive que fazer atividades muito banais para o tipo de pesquisa que eu estava fazendo naquela época. Por exemplo, no terceiro ano, no segundo ano, eu estava desenhando número, desenhando letra, sendo que eu já tinha aprendido a ler com três anos, ler livro, e com um ano e meio já estava conseguindo ler palavras, com o método de palavração, porque eu imagino a palavra, tipo, eu olho o desenho da palavra e eu entendo que palavra é aquela”, afirmou.

Igor falou de sua compreensão sobre o conceito da palavra acolhimento. “O acolhimento sempre começa quando as pessoas começam a te entender. E acredito que uma sociedade boa é quando todos são iguais, pelo menos quando todos têm o mesmo respeito das pessoas. Então acredito que esse passo é muito importante”, concluiu.

A mãe de Igor, Veruska Pinheiro, também pontuou as diferenças de tratamento do filho no ensino público regular e depois no atendimento especializado na escola particular. “O Igor passou realmente por muitas dificuldades e, hoje, ainda bem que ele está se sentindo muito mais acolhido, como ele já disse. Mas eu costumo dizer que a sociedade ainda não está preparada. Claro, a gente vê uma evolução, a gente tem falado mais sobre altas habilidades, tem conquistado mais espaço”, falou.

“Hoje ele está na escola particular, ele é bolsista nessa escola. Escola que acolheu o Igor, uma escola que comprou essa questão com a gente, uma escola que é construtivista. Na escola pública, tinha um acolhimento na área de altas habilidades, mas nem sempre o acolhimento de altas habilidades consegue penetrar na sala de aula, no dia a dia. Às vezes fica restrito àquele espaço de altas habilidades”, ressaltou.

“Então, o que eu acho que é mais urgente é fazer a capacitação não só da educação, mas também da área da saúde, para que a gente consiga identificar essas pessoas, porque o primeiro cuidado que vai acontecer é o diagnóstico. Diagnóstico envolve também laudo, e o laudo é pago. Quem é que pode pagar por esse laudo? Então, a gente precisa dar acesso para essas pessoas, para poderem ter o laudo, para poder ser identificado”, complementou Veruska.

Projeto de Lei

O proponente do encontro, deputado Tyago Hoffmann, falou sobre os próximos passos que pretende dar até a elaboração de um projeto de lei. “Por enquanto é uma minuta, tem como objetivo, exatamente, a gente desenvolver políticas públicas, para que a gente dê visibilidade e atenção às pessoas com superdotação e altas habilidades”, afirmou o parlamentar.

“Muitas vezes a sociedade, de maneira em geral, romantiza superdotação e as altas habilidades como aquela criança que tem uma capacidade de aprendizado muito maior, mas muitas dessas crianças, além da superdotação, elas podem ter algum grau de autismo, TDAH e outras condições que fazem que elas precisem de uma atenção especial”, avaliou Hoffmann.

O parlamentar é autor da proposta que cria a Política Estadual de Incentivo ao Desenvolvimento de Pessoas com Altas Habilidades ou Superdotação no Espirito Santo. “Nós vamos enriquecer muito esse projeto a partir dessa sessão especial e tenho certeza que o Espírito Santo vai avançar muito nessa questão da educação estadual”, finalizou Hoffmann.


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