O Rádio é o Tempo
Brasileiro não vive sem rádio. A frase propagada pelos quatro cantos do Brasil é uma realidade desde a sua primeira transmissão feita, em 1922, pelo antropólogo e educador Edgard Roquette-Pinto, que em 1923 fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. O rádio reinou sozinho por décadas, até 1950, quando Assis Chateaubriand criou a TV Tupi, a primeira estação de televisão do Brasil.
Muitos apostaram que a chegada da televisão acabaria com o rádio. Total engano. O rádio foi inspiração para os maiores sucessos na TV. Futebol, novela, programa de auditório com artistas e calouros, humorísticos e musicais surgiram no rádio. O que era só áudio e imaginários dos ouvintes, ganhou imagens e depois cores na tela.
O rádio não se abateu e continuou a registrar os maiores acontecimentos da história e com o poder de chegar à população de todo o país. Baseado no tripé música, esporte e notícia se tornou o veículo mais veloz na informação e amigo de todas as horas.
Cantor só era sucesso se a música tocasse na rádio. As gravadoras de disco vinil contratavam divulgadores em cada estado para visitarem as emissoras de rádio e seus comunicadores em busca de espaço para músicas e entrevistas dos seus artistas. Em tempo, grifei gravadoras e disco para lembrar que foram extintos pela tecnologia.
Em 1994 chegou ao Brasil a internet corporativa e doméstica interligando o Brasil com o mundo. Bem primitiva, funcionava por meio de telefone convencional (raridade hoje) e de forma discada (os aparelhos de telefone tinham números em um disco vazado). Ter internet em casa era um luxo, tal qual ter um rádio no início, representava um certo status. Com o avanço da tecnologia o que era analógico acabou virando digital e hoje quem não está digitalmente conectado, está fora da realidade atual.
O rádio sentiu o golpe com o surgimento da internet, idem os jornais impressos que praticamente acabaram no Brasil e boa parte do planeta. O rádio mais uma vez se mostrou poderoso, com rápida adaptação, entrou no mundo web. As emissoras tradicionais estão inseridas neste mundo e de forma on-line possibilita aos ouvintes acompanharem a programação de onde estiverem. Foi uma forma de ampliar a frequência da rádio sem precisar das tradicionais antenas de ondas médias e curtas tropicais para um alcance maior.
Em 07/11/2013 a então Presidente Dilma Rousseff assinou um decreto para o fim da rádio AM e as emissoras foram obrigadas a migrarem para a faixa FM. Das 1.772 estações AM do Brasil, 1.381 pediram ao Ministério das Comunicações a mudança de faixa. E o fim está próximo, o AM será extinto em 31 de dezembro de 2023.
No Espírito Santo apenas duas emissoras permanecem na faixa AM: Rádio Capixaba (1050 AM) e Espírito Santo (160 AM). O problema é que não existem mais canais disponíveis no FM da Grande Vitória, e quem detém a frequência está pedindo um alto preço. As duas emissoras correm o sério risco de fechar ou utilizar segunda faixa de FM, ruim para o ouvinte sintonizar. A última opção poder ser a transmissão somente na web.