Plano de Israel para ocupar Cidade de Gaza representa nova ameaça regional e global, diz Autoridade Palestina
“As políticas de Israel, incluindo a reocupação de Gaza, as tentativas de anexação da Cisjordânia e a judaização de Jerusalém, fecharão todas as portas para a segurança e a estabilidade, tanto em nível regional quanto global”, afirmou em comunicado o porta-voz da presidência palestina, Nabil Abou Roudeina.
Ele também condenou “o desprezo de Israel pelas críticas internacionais e pelos alertas das potências mundiais sobre a escalada da guerra contra o povo palestino”, e considerou essas ações como “um desafio sem precedentes e uma provocação à vontade internacional de alcançar a paz”.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, denunciou o plano como “mais um crime que se soma à série de crimes israelenses cometidos na Cisjordânia, inclusive em Jerusalém”, e destacou “a necessidade urgente de medidas para pôr fim imediato a essas ações”, segundo a agência palestina Wafa.
Abbas afirmou que a liderança palestina continuará seus esforços políticos em todas as instâncias, incluindo o Conselho de Segurança da ONU, a Liga Árabe e a Organização para a Cooperação Islâmica, com o objetivo de reunir apoio internacional e regional contra os planos israelenses.
O presidente também enfatizou “a necessidade de um cessar-fogo imediato e permanente, da libertação de reféns e prisioneiros, e da entrada de ajuda humanitária” na Faixa de Gaza.
A Autoridade Palestina é o governo civil que administra a Cisjordânia ocupada por Israel, onde vivem cerca de três milhões de palestinos e aproximadamente meio milhão de israelenses em assentamentos considerados ilegais pelo direito internacional. A Faixa de Gaza é controlada pelo movimento islâmico Hamas desde 2007.

Indignação internacional
O anúncio do plano israelense gerou indignação internacional. O Conselho de Segurança da ONU se reuniu neste sábado em caráter de urgência para discutir o tema.
Além do desarmamento do Hamas e do retorno de “todos os reféns, vivos ou mortos” ainda em poder do grupo, o plano israelense prevê a tomada de controle e a desmilitarização da Faixa de Gaza, antes da criação de uma “administração civil”, que excluirá o Hamas e a Autoridade Palestina, segundo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Netanyahu enfrenta forte pressão interna e externa para encerrar a ofensiva em Gaza.
Em uma declaração conjunta divulgada neste sábado, os ministros das Relações Exteriores da Itália, Austrália, Alemanha, Nova Zelândia e Reino Unido rejeitaram a decisão israelense.
“Isso agravará a já catastrófica situação humanitária, colocará em risco a vida dos reféns e aumentará o risco de um êxodo massivo de civis”, afirmaram os países. A Rússia também condenou o plano israelense, alertando que a iniciativa pode piorar ainda mais a “catástrofe humanitária” em curso no território palestino.
