Exames complementares em neurologia: saiba quando fazer
Veja quais exames complementares em neurologia ajudam no diagnóstico preciso e quando são realmente necessários
Quando os exames complementares em neurologia são necessários? Quando um paciente chega ao consultório com uma queixa neurológica, uma das primeiras perguntas que surgem é: “Preciso fazer algum exame?”.
É natural querer um diagnóstico rápido e certeiro, e os exames complementares podem ser grandes aliados nesse processo.
Exames complementares em neurologia não substituem avaliação clínica
Mas o nome já diz tudo: eles são complementares. Não substituem a avaliação clínica, nem servem como respostas prontas.
A neurologia tem um desafio único: muitas doenças não aparecem claramente nos exames. Elas se manifestam através de sintomas e sinais que precisam ser interpretados com cuidado.
Por isso, a conversa e o exame físico continuam sendo fundamentais. A partir dessa avaliação, o médico decide quais exames são realmente necessários.
Quando bem indicados, eles ajudam a confirmar suspeitas, descartar diagnósticos e direcionar o tratamento de forma mais precisa.
Por outro lado, quando solicitados sem um critério claro, podem levar a achados sem relevância clínica e gerar preocupações desnecessárias.
Eletroneuromiografia: um mapa dos nervos e músculos
A eletroneuromiografia é um dos exames mais importantes na investigação de alterações nos nervos periféricos e músculos. É indicada para quem sente dormência, formigamento, fraqueza ou dor persistente nos braços e pernas.
Ela ajuda a identificar problemas como:
- Neuropatias periféricas (lesões nos nervos);
- Síndrome do túnel do carpo;
- Doenças neuromusculares;
- Radiculopatias, que são compressões nervosas na coluna cervical ou lombar, causando dor irradiada e perda de força nos membros;
- Doenças do neurônio motor inferior, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA);
- Alterações na junção neuromuscular, como na miastenia gravis.
Sim, é um exame que envolve pequenos estímulos elétricos e uma agulha fina para avaliar os músculos, mas é bem tolerado e traz informações objetivas que podem mudar a conduta do tratamento.
Se há suspeita de um problema nos nervos ou músculos, é um exame que realmente vale a pena fazer.
Eletroencefalograma: registrando a atividade cerebral
O eletroencefalograma (EEG) mede a atividade elétrica do cérebro e é muito útil no diagnóstico da epilepsia. Também pode ser solicitado para investigar desmaios e algumas alterações do comportamento.
O exame é simples: pequenos eletrodos são colocados no couro cabeludo para captar os impulsos elétricos cerebrais.
Mas aqui vale um alerta: um EEG alterado não significa necessariamente epilepsia, assim como um EEG normal não exclui completamente essa possibilidade.
Por isso, interpretar esse exame exige experiência e sempre deve ser feito no contexto da história clínica do paciente.
Exames de imagem: quando enxergamos o cérebro por dentro
Os exames de imagem são um marco na neurologia. Hoje, conseguimos ver a estrutura do cérebro com detalhes impressionantes.
Principais exames de imagem na neurologia:
- Ressonância magnética: o exame mais completo para avaliar o cérebro e a medula espinhal, ajudando no diagnóstico de AVCs, inflamações, tumores e doenças degenerativas.
- Tomografia computadorizada: usada principalmente em emergências, como suspeita de AVC ou traumatismo craniano.
- Angiorressonância e angiotomografia: exames que analisam os vasos sanguíneos cerebrais, ajudando na investigação de aneurismas e outras doenças vasculares.
Por mais incríveis que sejam, os exames de imagem precisam ser solicitados com critério.
Pequenas alterações podem aparecer em qualquer pessoa, especialmente com o envelhecimento, e nem sempre indicam doença.
Esses achados incidentais, conhecidos como acidentalomas, podem gerar preocupação desnecessária e levar a investigações invasivas sem necessidade. O que importa é interpretar o exame dentro do quadro clínico de cada paciente.
Testes genéticos: vale a pena fazer?
Os testes genéticos se tornaram populares, e muitas pessoas querem descobrir se têm predisposição para doenças neurológicas. Mas será que isso realmente ajuda?
O que a ciência mostra sobre os testes genéticos:
- Para algumas doenças neuromusculares e síndromes raras, os testes genéticos são fundamentais e podem definir o diagnóstico e até direcionar tratamentos específicos.
- Já no caso da doença de Alzheimer, a situação é diferente. Existe um gene, o APOE4, que está associado a um risco maior da doença. Mas ter esse gene não significa que a pessoa desenvolverá Alzheimer – e não ter o gene também não garante proteção.
- Não há tratamentos preventivos baseados nesse teste. Ou seja, ele pode acabar gerando mais ansiedade do que benefícios práticos.
Na neurologia, a genética é uma ferramenta poderosa, mas precisa ser usada com critério. Antes de buscar qualquer exame desse tipo, é essencial conversar com um médico para entender se ele realmente faz sentido para o seu caso.
Para fechar…
Os exames complementares são essenciais para um diagnóstico preciso, mas precisam ser usados na medida certa.
Eles ajudam a esclarecer dúvidas, confirmar suspeitas e guiar o melhor tratamento – desde que solicitados com um propósito bem definido.
A neurologia é um campo em constante evolução, e a tecnologia tem trazido ferramentas cada vez mais sofisticadas para investigar o sistema nervoso.
Mas no final das contas, o que faz a diferença de verdade é a combinação entre ciência, experiência e uma abordagem centrada no paciente.