Alzheimer pode acometer pessoas jovens? Saiba a partir de que idade e como identificar os principais sinais da doença

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“Insidiosa e progressiva, com considerável impacto na vida dos portadores, familiares e cuidadores”, o médico Victor Falcão, geriatra e coordenador da equipe de Cuidados Paliativos da OTO Aldeota, caracteriza a doença de Alzheimer. Em evidência durante a campanha de conscientização ‘Fevereiro Roxo’, a doença neurodegenerativa é a causa mais comum de demência no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora comumente relacionada à idade, com sua prevalência dobrando a cada 5 anos a partir dos 60 anos, a patologia também pode acometer pessoas mais jovens. Como aponta a Mayo Clinic, centro hospitalar e de pesquisa referência nos EUA, 5% dos casos de Alzheimer no mundo ocorrem em indivíduos com menos de 60 anos.

A doença também pode aparecer de forma ainda mais precoce, com sintomas surgindo na quarta ou quinta década de vida, complementa o médico geriatra. “Estar atento a essa possibilidade, conhecer bem os sinais da doença de Alzheimer e o histórico da família permite identificação, tratamento e cuidados mais oportunos”. O profissional pontua, entretanto, que o aparecimento da enfermidade em pessoas nessa faixa etária é extremamente raro e tem sua causa exata pouco conhecida. “Nesse contexto, pesquisas sugerem alguns padrões de herança familiar e correlação com alterações genéticas específicas que constituem fatores de risco para o desenvolvimento da doença, interagindo com fatores ambientais e entre si”, declara.

Independentemente da idade de início, a doença de Alzheimer é uma condição neuropsiquiátrica crônica bastante heterogênea em sua manifestação clínica. “Pacientes apresentam a perda de memória recente como queixa mais comum, com dificuldade crescente para reter novas informações, esquecimento de horários, endereços e nomes; prejuízos na linguagem com dificuldade de encontrar as palavras e erros de nomeação, com discurso verbal empobrecido; alterações na orientação temporal e espacial com redução do senso geográfico e dificuldades de localização”, exemplifica. Alterações comportamentais como desânimo, irritabilidade, apatia, agitação motora e sintomas psicóticos também são comuns em pessoas acometidas pela doença, segundo o médico.

Apesar dos constantes avanços tecnológicos na área da saúde, ainda não há cura para a doença de Alzheimer. No entanto, segundo o médico Victor Falcão, o diagnóstico precoce da doença associado ao início dos tratamentos disponíveis, aliado aos cuidados e atividades complementares com foco no paciente, em sua família e cuidadores pode proporcionar uma melhor qualidade de vida à pessoa com Alzheimer. “Tão ou mais importante que o uso de medicamentos, é o enfoque multidisciplinar com a garantia de acesso ao suporte psicológico, fisioterapia, fonoterapia, terapia ocupacional, educador físico, dentre outros, com a introdução de atividades voltadas para o estímulo cognitivo, a preservação de autonomia e funcionalidade, a prática regular de atividade física e a sociabilização, que permitem proporcionar à pessoa com doença uma vida mais ativa e digna possível”, conclui o médico.

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 1,2 milhão de pessoas são portadoras da doença de Alzheimer. A instituição declara ainda que surgem aproximadamente 100 mil novos casos por ano da doença. Sobre as estatísticas, Victor reforça: “Os dados corroboram para que tenhamos uma maior atenção sobre o tema. O Alzheimer é uma doença crônica incapacitante e irreversível, com relevante impacto econômico na assistência à saúde e na sociedade. A campanha Fevereiro Roxo lança luz sobre esse problema ainda pouco conhecido pela população em geral”, enfatiza o profissional.


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