Justiça decreta prisão de dona de creche onde bebê morreu na Serra
Sara Reis dos Santos foi indiciada por homicídio qualificado por dolo eventual. De acordo com as investigações, o socorro a Bernardo Ribeiro foi inadequado
A Polícia Civil está à procura de Sara Reis dos Santos, de 31 anos, proprietária de uma creche que funcionava de forma irregular no bairro Serra Dourada II, na Serra. No local, Bernardo Ribeiro Pereira, um bebê de um ano, morreu por asfixia em setembro de 2023. Ela teve a prisão decretada pela Justiça.
De acordo com a polícia, buscas foram realizadas nesta terça-feira (16) para o cumprimento do mandado de prisão preventiva contra a suspeita, mas ela não foi localizada e é considerada foragida.
A mulher foi indiciada por homicídio qualificado por dolo eventual. De acordo com as investigações, o socorro à criança foi realizado de forma inadequada.
“De acordo com os laudos, a criança morreu asfixiada. A creche não tinha nenhum tipo de autorização para funcionar. Também constatamos que o socorro à criança não ocorreu da forma adequada”, relatou o titular do 10º Distrito Policial da Serra, delegado Josafá Silva.
Em 19 de dezembro de 2023, o inquérito policial foi concluído e a suspeita indiciada. Na época, havia um pedido de mandado de prisão preventiva da investigada, que foi indeferido.
No entanto, o pedido de prisão preventiva foi ratificado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) à Justiça na última semana, o que foi atendido pelo Judiciário, e as buscas foram iniciadas nesta terça-feira, no bairro Parque Residencial Laranjeiras, onde a suspeita reside.
A Polícia Civil informa que a população pode ajudar com a localização da suspeita de forma anônima por meio do Disque-Denúncia 181.
Relembre o caso
Bernardo Ribeiro, de 1 ano e 10 meses, morreu após se engasgar com o próprio vômito em uma creche irregular localizada em Serra Dourada II, na Serra, em setembro de 2023.
De acordo com informações do boletim de ocorrência, o bebê estava dormindo em uma creche sem autorização para funcionamento, quando a proprietária percebeu que ele estava inconsciente.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, no entanto, ao chegar no local, os socorristas constataram que Bernardo já estava sem vida.
A causa da morte foi atestada pelo Departamento Médico Legal (DML) como asfixia por broncoaspiração, quando líquidos como vômito ou saliva entram no pulmão.
Dona da creche irregular contou versão da história
Quando procurada pela equipe de reportagem da TV Vitória, a proprietária do local disse que cuida de crianças na própria casa, identificada por ela como espaço infantil.
Segundo o relato da cuidadora, por volta das 14h30, ela havia colocado as crianças mais novas para dormir, como de costume. Entre os bebês que dormiam estava Bernardo.
Enquanto os mais novos dormiam, as crianças maiores tomavam banho, seguindo a rotina. Ainda de acordo com a cuidadora, por volta das 15h30, ela teria voltado para acordar os bebês, quando percebeu que Bernardo, que havia dormido de barriga e cabeça viradas para baixo, não acordava.
Ao se aproximar do bebê, a mulher contou ter visto que ele havia vomitado. Na sequência, a cuidadora gritou e pediu ajuda aos vizinhos, que acionaram os socorristas.
Antes do socorro chegar ao local, a proprietária relatou ainda ter ficado em ligação com um médico, que a orientava enquanto ela tentava reanimar o bebê. Segundo ela, Bernardo chegou a reagir e soltar vômito.
Logo em seguida, a mãe do bebê chegou ao local em desespero e, conforme a cuidadora afirmou, pegou Bernardo no colo e saiu da creche.