Automutilação: adolescente de 15 anos usou celular da avó para falar com suspeito
Rapaz de 22 anos foi preso em uma operação da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente. Delegado orienta pais a observarem os filhos
“As redes sociais não são mais um ambiente tão seguro como eram”. Desta forma, o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, classificou o caso da adolescente de 15, que era orientada a se automutilar e cometer suicídio. As mensagens eram enviadas por um jovem, de 22 anos, no Espírito Santo.
O jovem, que não teve a identidade divulgada, foi preso em uma operação realizada pela equipe da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), no dia 22 de maio. Mas o caso só foi divulgado nesta quinta-feira (6).
Segundo informações repassadas pela adjunta da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), delegada Gabriela Enne, o caso chegou ao conhecimento das autoridades através de um boletim de ocorrência.
“O pai da adolescente percebeu uma mudança brusca de comportamento. Ela ficava muito tempo no quarto, apenas mexendo no celular. A garota também começou a apresentar vários cortes pelo corpo”, disse a delegada.
Além disso, o pai também identificou que estava preocupado, pois acreditava que alguém pudesse estar induzindo o comportamento na filha.
Garota usou celular da avó para conversar
A delegada explicou que os pais já estavam atentos ao comportamento da filha, que ficava muito tempo no quarto. Diante disso, retiraram o aparelho celular. Entretanto, a garota conseguiu acesso às mensagens pelo aparelho da avó.
“Ela, não satisfeita com o que estava acontecendo, começou a frequentar a casa da avó com mais intensidade, para poder continuar as conversas com o jovem. A garota instalou vários aplicativos”, declarou a delegada.
A avó disponibilizou o aparelho e a Polícia Civil localizou um vasto conteúdo de material pornográfico, com fotos e vídeos, além de materiais contendo os machucados e cortes, entre eles, um com o nome do acusado.
“A situação foi iniciada com cortes mais superficiais, mas estavam progredindo para cortes mais profundos. O pai havia tirado o celular para evitar até mesmo um mal maior. Ela chegou a escrever o nome dele na perna. Além de solicitar que colocasse o sangue no copo e bebesse o conteúdo”, diz a delegada.
A polícia também explicou que o relacionamento dos jovens não ficou apenas no âmbito virtual. Eles se encontraram presencialmente, o que resultou em lesões realizadas por meio de tapas e socos.
Diante disso, a adolescente, que já apresentava um grau de depressão leve, teve que ser internada em uma clínica psiquiátrica.
Suspeito alegou que está com depressão
Após a prisão, a Polícia Civil afirmou que o jovem, de 22 anos, disse que está passando por uma fase de depressão e desemprego.
“Ele alegou em defesa que se encontra em uma fase de depressão. Está procurando emprego na área dele por muito tempo, mas não consegue. Com isso, ele passa boa parte tempo falando com pessoas nas redes sociais”, disse.
Os policiais vão investigar se o rapaz praticava crime em face de outras adolescentes. “Enviamos os objetos que encontramos para a perícia, com o intuito de identificar outras possíveis vítimas”.
“Orientamos que os pais observem seus filhos”, diz delegado
O delegado-geral José Darcy Arruda ressaltou que é importante que os pais observem os filhos e analisem os comportamentos, principalmente dos jovens que ficam muito tempo nos quartos.
“Às vezes, eles acham que estão seguros em seus quartos por muito tempo. Porém, ficar trancado no quarto associado à internet não é mais um lugar tão seguro. O que aconteceu com a menina deixou a polícia chocada”, disse Arruda.
Segundo a polícia, a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) mantém psicólogos e assistentes sociais que podem identificar sinais de problemas nas crianças e jovens.