Prisão de Marujo: entenda o impacto no crime organizado no ES
Superintendente de Polícia Especializada, Romualdo Gianordoli, avalia que posto do traficante preso em Vitória não deve ser ocupado tão cedo
O traficante Fernando Moraes Pereira Pimenta, o “Marujo”, criminoso número um da lista dos bandidos mais procurados do Espírito Santo, foi preso na manhã de sexta-feira (8). Foragido desde 2017, havia seis mandados de prisão em aberto contra ele, pelos crimes de homicídio qualificado, tráfico de drogas, associação ao tráfico e associação criminosa.
Marujo era o chefe do tráfico de drogas no Bairro da Penha, em Vitória, além de comandar outros bairros da região metropolitana e bairros do interior do Estado. Com a prisão, há dúvidas sobre quem deve assumir o posto do traficante nos locais.
De acordo com o superintendente de Polícia Especializada, delegado Romualdo Gianordoli Neto, o posto não deve ser ocupado em breve, uma vez que, segundo ele, não há lideranças fortes o suficiente na região. O delegado ainda acrescenta que o crime organizado está enfraquecido na Grande Vitória.
Ainda conforme Romualdo Gianordoli, Marujo era a última grande liderança da região a ir para a cadeia.
“Nós fomos quebrando todo o entorno dele, não só a gente como operações do Gaeco, da Polícia Militar, foram quebrando todo o entorno. Primos, todos os irmãos estão presos, pessoas que eram muito respeitadas pelo comando da facção, todos estes foram presos, só eles se mantinham. Na verdade, todos os que ficaram são muito jovens, então não tem nenhum líder carismático que todos vão seguir, nós vamos acompanhar e ver se vai ter um chefe, se vai ter uma disputa pela liderança”, disse.
Para o secretário de Segurança do Espírito Santo, delegado Eugênio Ricas, a prisão representa a força do trabalho integrado das polícias do Estado.
“A importância desta prisão é mostrar que nenhum criminoso vai ficar fora das polícias no Estado, seja ele líder de organização criminosa, seja ele um pé de chinelo, todos serão presos, todos irão parar atrás das grades”, afirma.
O governador Renato Casagrande (PSB) celebrou a prisão do traficante e parabenizou a ação das forças de segurança do Espírito Santo.
“Trabalho integrado das instituições de justiça do Estado permite que a gente possa dar esse sinal para quem se envolve com o crime e dizer que nós vamos continuar alcançado todos que praticam crime contra a sociedade capixaba”.
Combate à criminalidade passa por investimentos em segurança e educação
Na avaliação do mestre em Segurança Pública Henrique Herkenhoff, a prisão de Marujo significa o enfraquecimento do crime organizado e do tráfico de drogas na Grande Vitória.
Isto também serviria como um período para que as forças de segurança possam se organizar para encontrar soluções duradouras no combate ao crime no Estado.
“Isso só nos dá duas coisas: evita que a organização fique cada vez mais forte, poderosa, maior e mais difícil de combater e nos dá um tempo para adotar as providências que realmente darão a solução definitiva. Há duas linhas de estratégia que permitem a gente evitar o crescimento das facções criminosas, elas vivem no e do cárcere”, disse.
Segundo ele, reformas no sistema carcerário são necessárias para que os criminosos sejam devidamente punidos, uma vez que se aproveitam de falhas para continuar comandando as facções, mesmo presos.
“Elas dependem das falhas do sistema carcerário para poderem funcionar. Não se fala apenas de fuga ou da demora para que se prenda algum foragido. O problema é que mesmo preso ele continua praticando crimes, comandando o tráfico, então é preciso sempre melhorar o máximo possível o sistema carcerário.”
Ainda de acordo com o especialista, o sistema educacional é outra frente que deve receber investimentos maciços, uma vez que estudantes que saem da escola, estão mais vulneráveis ao aliciamento do tráfico.
“Do outro lado, está o investimento no ensino, principalmente no ensino fundamental, está comprovado que a maior parte da evasão escolar acontece da passagem do fundamental 1 para o fundamental 2 e é nessa época também que a criança e o adolescente se envolve com o tráfico”, afirma.