Viver solicita equilíbrio

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A frase “a vida pede equilíbrio” foi tema da campanha de janeiro branco deste ano, perante transformações cotidianamente mais desafiadoras e velozes que estabelecem inovações no proceder, novas desenvolturas, pensamentos e desempenhos cada dia mais ligeiros, encontrar o equilíbrio tornou-se tarefa primordial, e para isso o cuidado com a saúde emocional e mental necessita ser habitual e permanente. Em diversas situações, num número elevado de vezes nos encontramos submersos pelas exigências, imposição, abusos e acréscimo de atividades. Esses fatores, unidos a costumes da existência contemporânea, dentre elas podemos citar, a extensa permanência de exposição a aparelhos eletrônicos, nos levam ao contato com distintas emoções e elevam a disposição a transtornos de humor em todas as idades. Desse modo, o dito “novo normal” que estamos vivendo convoca determinados pensamentos e modificações.

Para tal vale ressaltar o conceito que a Organização Mundial da Saúde- OMS estabelece como sendo saúde, “É um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade” (OMS,1946). Sendo assim, a saúde relaciona-se com tudo que pode alterar nosso bem-estar, e nela desempenha papel importante as emoções. A Saúde emocional é determinada por uma série de fatores dentre eles: fatores   socioeconômicos como urbanização, pobreza, mudança, desemprego; fatores biológicos como idade, gênero, hereditariedade; fatores ambientais como luz artificial, poluição, ruídos e ainda fatores psicológicos como relacionamento familiar, privação de afeto, emoções, traumas dentre outros.

É habitual que nem sempre tudo corra de modo perfeito, viver é composto de etapas boas e não tão apropriadas. Contudo, em algumas ocasiões, as etapas danosas são capazes de afetar de modo expressivo o nosso quotidiano e emoções. Devido a isso, é relevante identificar e distinguir indícios de cautela e compreender que algo não vai bem, reconhecer e buscar auxílio é imprescindível. A saúde mental se tornou uma grande questão do Séc. 21 e ganhou importância, muito devido ao impacto sentido em nossa rotina geradas pela COVID-19, atualmente ocorre o reconhecimento da saúde mental e emocional como elemento de importância dentro do nosso bem-estar. Olhar para suas emoções como parte importante do processo de se ter saúde mental é indispensável já que as emoções impulsionam nossos comportamentos.

A emoção é muitas vezes definida como um estado complexo de sentimentos que resultam em mudanças físicas e psíquicas que influenciam o pensamento e o comportamento humano. A emocionalidade está associada a uma série de fenômenos psíquicos, incluindo temperamento, personalidade, humor e motivação. Segundo o autor David G. Meyers, a emoção humana envolve “… excitação fisiológica, comportamentos expressivos e experiência consciente”. Portanto não existe emoção ruim, o que vivenciamos na verdade são emoções que é mais agradável do que outras, mas todas elas possuem uma função como o medo por exemplo que nos leva a ser cautelosos e buscar atitudes e comportamentos para que possamos nos proteger.

É importante saber que nem sempre é necessário desempenhar todas as funções de nossa vida diária com absoluta perfeição. Abrandar a autocobrança, partilhar seus emoções e sentimentos com pessoa de confiança e procurar auxílio profissional são comportamentos que beneficiam a saúde mental e emocional. Aprender a desenvolver a tríade emocional, ou seja, se permitir sentir a emoção, nomear o que está sentindo e viabilizar uma estratégia de regulação do que está sentindo é necessário quando se pretende ser uma pessoa que tem uma vida equilibrada, que é saudável. Vejamos então a diferença entre afeto, emoção e sentimento. Afeto é tudo aquilo que me chega, são os estímulos, confundimos afeto com amor, carinho, uma emoção e até dizemos que uma pessoa é afetiva ou afetuosa quando age de forma carinhosa ou de uma forma que consideramos positiva. Porém afeto é tudo aquilo que nos atinge, que mexe com a gente, causado por uma situação que faz com que a gente tenha, geralmente, uma emoção.

Já a emoção é a resposta ao afeto, seja causado por algo interno ou externo. Mesmo que tenhamos dificuldade em aceitar uma emoção, ela acontece com a gente o tempo todo, pois é uma resposta corporal a cada situação vivenciada. A emoção é aquilo que se reflete no nosso corpo. Mesmo que ainda não se tenha pensado sobre o que estamos sentindo, nem conseguido dar nome, já expressamos isso corporalmente por causa das emoções.  É uma lágrima que cai ou uma respiração que se modifica, ou a sensação de alegria que não nos deixa ficar parados. Nosso corpo percebe a emoção como um termômetro ou como uma bússola, em resposta ao que está acontecendo no ambiente interno (dentro de nós) ou externo (ao nosso redor).  Às vezes, trata-se de algo que a gente lembrou ou pensou, às vezes é uma música ou um cheiro que traz uma lembrança. Isso tudo nos afeta, e temos um transbordamento ou uma percepção de uma emoção, que leva a um sentimento.

O que seria então o sentimento? É uma resposta mais interna e pessoal que surge a partir disso tudo. Quando temos uma experiência emocional, produzimos um sentimento. Se eu percebo que estou saltitante, sorridente, por exemplo, eu vou dar uma interpretação a isso, um nome para essa emoção. Nesse momento, a emoção passa por uma parte mais racional sobre aquilo que eu estou vivendo e posso concluir que estou feliz, por exemplo. Tanto o afeto quanto a emoção e o sentimento não acontecem em estágios separados, eles se retroalimentam constantemente o tempo todo em nós. Adotar a conduta rotineira de se observar, se analisar, refletir sobre o que está sentindo, como e por que, dar nome ao que sente, podem auxiliar numa melhora da saúde emocional e mental. Assim como praticar atividade física, manter uma boa alimentação, investir no contato com a natureza, conviver mais com a família e construir um diário de emoções são hábitos que irão contribuir, e muito para manter a sua saúde mental em equilíbrio.

Coluna: Saúde Emocional

Laudiceia A. Veloso dos Santos, Graduanda em Psicologia (10/10), Arteterapeuta, Analista Corporal-OCE e Master ESEPAS-Educação Emocional, Sexual com foco na Prevenção ao Abuso Sexual, Graduada em Administração.

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