Dezembro Vermelho: saiba o que são as ISTs e como se proteger
A escolha da cor vermelha simboliza a solidariedade, o amor e a luta contra a discriminação associada ao HIV
Todos os anos, o mês de dezembro é marcado por campanhas de conscientização. Entre elas, uma ganha destaque: a que alerta para os riscos das chamadas ISTs ou, infecções sexualmente transmissíveis.
Seu principal objetivo é sensibilizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, principalmente do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana).
Desde o início da epidemia de infecções pelo vírus em 1980 até dezembro de 2021, foram notificados 18.850 casos de pessoas vivendo com o HIV no Espírito Santo.
O que significa Dezembro Vermelho?
A escolha da cor vermelha simboliza a solidariedade, o amor e a luta contra a discriminação associada ao HIV.
Conscientização
Apesar dos avanços na medicina, o HIV/Aids continua a ser um desafio de saúde pública mundial. A conscientização, portanto, desempenha um papel fundamental na prevenção, já que esclarece como a transmissão acontece, a importância do uso de preservativos, a realização periódica de testes e o acesso ao tratamento adequado.
Estima-se que cerca de 38 milhões de pessoas vivem com o HIV em todo o mundo, segundo s OMS. No Brasil, os números também são preocupantes, o que mostra a necessidade contínua de esforços na prevenção e tratamento.
Alguns exemplos de ISTs
* HPV: papiloma vírus humano causa verrugas genitais, podendo levar até mesmo a um pré‑câncer ou câncer do colo do útero, vagina, vulva, ânus ou garganta, segundo o Manual MSD da Saúde da Família;
* Cancro-mole: não leva a complicações e é totalmente curável. A doença é provocada por uma bactéria, a Haemophilus ducreyi. Seus sintomas são: feridas pequenas e muito dolorosas com pus nos órgãos genitais. Costumam aumentar progressivamente de tamanho;
* Gonorreia e infecção por clamídia: é desencadeada por uma bactéria chamada Chlamydia trachomatis, podendo ou não gerar sintomas. Na mulher, apresenta corrimento vaginal. Nos homens, corrimento no pênis e dor ao urinar;
* Hepatites B e C: falta de apetite, dor de cabeça, febre, dor abdominal, icterícia (olhos e corpo amarelados), fezes cor de palha e urina de cor escura;
* HIV: vírus da imunodeficiência adquirida. Ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de infecções. De maneira geral, os sintomas de parecem com os da gripe e resfriados, como: dor de cabeça, cansaço, estado febril, dor de cabeça e gânglios pelo corpo.
Saiba como se prevenir das infecções sexualmente transmissíveis
Uso de Preservativos: O preservativo continua sendo uma das formas mais eficazes de prevenção contra o HIV/AIDS e outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis).
Testagem Regular: A realização periódica de testes de HIV é crucial para um diagnóstico precoce, permitindo o início imediato do tratamento e a redução do risco de transmissão.
Educação Sexual: Promover a educação sexual nas escolas e na comunidade é fundamental para fornecer informações precisas sobre o HIV/AIDS e incentivar comportamentos seguros.
Redução de Estigma: Combater o estigma associado ao HIV/AIDS é essencial para encorajar as pessoas a buscar testes e tratamento sem medo de discriminação.
De janeiro a novembro deste ano, foram notificados 1.114 novos casos no Espírito Santo, sendo 792 em pessoas do sexo masculino (71,1%) e 322 pessoas do sexo feminino (28,9%).
Já em 2021, foram notificados 1.171 novos casos no Estado, com predomínio de pessoas infectadas do sexo masculino, totalizando 883 casos novos (75,4%), e jovens de 20 a 29 anos (39% no total dos casos masculinos). Atualmente, 20.145 pessoas que vivem com HIV/Aids no Espírito Santo.
A médica técnica da Coordenação Estadual de DST/Aids da Secretaria da Saúde (Sesa), Bettina Moulin, alerta para a importância da testagem para identificar a infecção pelo HIV o quanto antes e iniciar o tratamento com os medicamentos antirretrovirais para ter mais chances de o paciente desfrutar de uma melhor qualidade de vida.
“Todas as pessoas que têm vida sexual ativa sem proteção podem estar infectadas pelo HIV e não saber, já que na maior parte das vezes não há sintomas no início. É importante realizar testes para saber se a pessoa está infectada e, em caso positivo, dar início ao tratamento que não deve ser interrompido”, ressaltou Bettina Moulin.
A médica destaca que, além de cuidar da saúde evitando a evolução da doença, a pessoa infectada que está em tratamento com antirretrovirais também não transmite o HIV para as parcerias sexuais quando a carga viral é indetectável em exames de rotina.
“Uma gestante soropositiva, realizando o tratamento adequado e não amamentando o seu bebê após o nascimento, também torna o risco de transmissão à criança muito pequeno”, explicou a médica.
O diagnóstico precoce pode ser realizado por meio dos testes rápidos para o HIV, que são gratuitos e disponíveis nas Unidades Básicas de todos os municípios. O resultado do exame é disponibilizado em apenas 30 minutos.
O Estado recebe do Ministério da Saúde e repassa aos municípios medicamentos de alto custo para o tratamento do HIV e os medicamentos das infecções oportunistas que podem acometer as pessoas que vivem com a aids.
Além disso, a Secretaria da Saúde fornece a Fórmula Láctea Infantil de 0 a 6 meses e a Fórmula Láctea para crianças acima de 6 meses até 2 anos de idade, destinadas à alimentação das crianças verticalmente expostas, uma vez que não podem receber o leite materno devido ao risco de contaminação pela mãe infectada.
As fórmulas são distribuídas na farmácia do Hospital Nossa Senhora da Glória, em Vitória (Hinsg), e nos ambulatórios de atendimentos de IST/Aids, além das maternidades do Estado.
Prevenção combinada
Além da testagem específica do HIV, é importante destacar a existência da prevenção combinada, que associa diferentes métodos contra as IST, como sífilis e as hepatites B e C, incluindo as testagens realizadas gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Outras formas de combater as IST são:
– a prevenção da transmissão vertical do HIV (quando o vírus é transmitido para o bebê durante a gravidez);
– o tratamento das infecções sexualmente transmissíveis e das hepatites virais;
– a imunização para as Hepatites A e B;
– os programas de redução de danos para usuários de álcool e outras substâncias;
– a oferta das profilaxias pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP);
– além do tratamento de pessoas que já vivem com HIV.
Todos esses métodos podem ser utilizados pela pessoa isoladamente ou combinados. Apesar de ainda não existir a cura para a infecção do HIV/Aids, se a pessoa infectada realizar adequadamente o tratamento, é possível reduzir a carga viral até torná-la indetectável, o que faz o vírus perder o poder de ataque às células de defesa.
Dessa forma, a pessoa pode levar uma vida normal, inclusive não transmitindo o vírus para outras pessoas, mesmo em situações de risco.
No Estado, são 31 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) em funcionamento, distribuídos em todas as regiões de saúde do Estado.